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Enfermeira usa fraldas para poupar roupas de proteção em UTI

Camila Gonçalves Azeredo, de Curitiba, fez relato emocionado nas redes sociais sobre seu cotidiano de intensivista

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Camila Azeredo
1 de 1 Camila Azeredo - Foto: Facebook/Reprodução

A rotina de profissionais de saúde tem mudado muito nas últimas semanas com o avanço da epidemia do coronavírus. Em unidades de terapia intensiva, principalmente: além de lidar com pacientes em estado gravíssimo, médicos e enfermeiros precisam superar as próprias limitações físicas para garantir os atendimentos.

A enfermeira intensivista Camila Gonçalves Azeredo, 28, trabalha no Hospital das Clínicas de Curitiba e fez um relato emocionado no Facebook sobre sua situação. Lotada em uma UTI especializada na Covid-19, ela conta que a cada dia chegam novos pacientes com coronavírus.

Foram semanas de treinamentos, mudanças drásticas na organização do hospital e alterações na própria rotina. Trabalhando mais e descansando menos, precisou levar o filho Joaquim para morar na casa da avó pelo menos durante esse período.

“O Cris [marido] ficou cuidando de mim e da casa. Eu fui cedida para a UTI COVID-19, referência para todo o hospital nesse momento. Mais e mais treinamentos. A paramentação é quente, a máscara machuca, os óculos e o protetor facial embaçam. Não podemos tocar no rosto, não podemos beber água e nem ir ao banheiro depois de paramentados. Não podemos comer, não podemos sair para tomar um fôlego ali fora. Se eu sair do ambiente contaminado, preciso jogar avental, luvas, touca e máscara no lixo. E precisamos poupar material, tudo isso é muito caro e o medo de faltar é grande”, escreve a enfermeira.

Para economizar os equipamentos, ela ganhou fraldas do marido. Nos primeiros dias, não conseguiu usá-las, mas agora está acostumada. Quando finalmente chega a hora de ir para casa, ela precisa de ajuda para tirar toda a paramentação e tomar banho com um produto específico. Ao chegar em casa, as roupas normais seguem direto para a máquina de lavar, e ela vai toma outro banho.

“Aprendi muito essa semana sobre meu trabalho e sobre meu corpo… Aprendi muito sobre meu casamento e sobre a fragilidade humana. Hoje [segunda-feira], ao chegar ao trabalho, deu um embrulho no estômago quando começamos a pronar os pacientes [manobra hospitalar para combater a falta de oxigenação no sangue]. Abrimos às pressas 20 leitos de UTI, um do lado do outro. A área de pacientes contaminados está cada vez maior”, diz.

Já cansada, Camila lembra que muitas semanas difíceis estão por vir. Diz que está sofrendo por antecipação e que o coração dói toda vez que precisa atualizar a situação de saúde de um paciente para a família. No mais, sente falta da rotina, dos colegas, do filho, até da broa da bisavó.

“Que saudade de visitar a bisa e a vovó Mara. Do café da tarde com o tio Mô. Que saudades de vocês. Se cuidem muito. Eu vou precisar muito de vocês depois disso tudo”, conclui.

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