Eficácia da 2ª dose de AstraZeneca contra morte de idosos é de 93,6%
Estudo da Fiocruz com idosos totalmente imunizados revela índices elevados de eficácia da AstraZeneca contra coronavírus e variante Gamma
atualizado
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Um estudo com participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicado nesta quinta-feira (22/7), em fase preliminar, mostra que a vacina da Oxford/AstraZeneca, produzida pelo laboratório brasileiro, oferece alta proteção a idosos contra casos sintomáticos, hospitalizações e mortes em decorrência da Covid-19 em tempos de disseminação da variante Gamma, em São Paulo.
A pesquisa foi conduzida por pesquisadores de instituições brasileiras, americanas e espanhola. O time analisou dados de 61.164 moradores do estado de São Paulo vacinados com a AstraZeneca para estimar a eficácia da primeira e segunda doses em adultos com mais de 60 anos durante a epidemia da variante Gamma no estado, entre janeiro e julho de 2021.
Os resultados revelam que, após 28 dias da primeira dose, a eficácia foi de 33,4% (com intervalo entre 26,4% e 39,7%) contra a infecção pelo novo coronavírus; 55,1% contra hospitalização (com variação entre 46,6% e 62,2%); e 61,8% contra morte pela Covid-19 (com intervalo entre 48,9% e 71,4%).
Os números da eficácia da vacina saltam a partir de 14 dias da segunda dose: 77,9% (com variação entre 69,2% e 84,2) contra a infecção; 87,6% contra hospitalização (com variação entre 78,% e 92,9%); e 93,6% contra óbito pela Covid-19.
“A conclusão do cronograma da vacina ChAdOx1 [AstraZeneca] proporcionou proteção significativamente aumentada em uma única dose contra resultados leves e graves de Covid-19 em idosos durante transmissão da variante gama”, escreveram os autores nas conclusões do artigo.
Os pesquisadores basearam -se na análise em informações de pacientes com doença respiratória aguda submetidos ao teste RT-PCR, identificados nos bancos de dados de vigilância (e-SUS e Sivep-Gripe). A partir desses dados, eles estimaram a efetividade da AstraZeneca comparando quatro grupos: aqueles que foram vacinados e os não vacinados com PCR positivo para Covid-19 e os vacinados e não vacinados com resultado negativo.
Os dados desse estudo foram publicados na plataforma de artigos científicos Medrxiv, em versão de pré-print, ou seja, ainda precisam passar pela revisão de outros cientistas.
Os resultados, entretanto, reforçam a necessidade de que a população, sobretudo os idosos, completem o esquema vacinal, seja qual for a vacina. “A principal mensagem desses resultados é o incremento que temos com o esquema vacinal completo. É muito importante porque sai de cerca de 62% para prevenção de óbito e vai para 94%. Reforça a ideia que é necessário o esquema vacinal completo para uma excelente proteção”, afirma o infectologista da Fiocruz, Julio Croda, coautor do estudo em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
“Todas protegem contra casos graves, hospitalizações e óbitos e qualquer variante, mas não existia esse dado para a gama. É o primeiro estudo de efetividade no Brasil para essa variante”, completa o cientista.