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É seguro encontrar outras pessoas neste momento? Infectologistas respondem

Apesar da sensação de segurança, o DF ainda está passando por momento perigoso na epidemia de Covid-19

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Pandemia do novo coronavírus
1 de 1 Pandemia do novo coronavírus - Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

O tempo aberto, de céu sem nuvens, da seca brasiliense, é um convite a aproveitar a cidade fora de casa. Apesar da sensação que tudo está voltando ao normal, o Distrito Federal está entre as unidades federativas que preocupam o governo por conta do avanço nos óbitos por coronavírus.

Colocando as duas questões na balança, será que é seguro encontrar outras pessoas neste momento?

Segundo a presidente da Sociedade de Infectologia do DF, Heloísa Ravagnani, é preciso que cada um reflita sobre seu papel na transmissão da Covid-19 e assuma o risco de ser infectado, caso deseje sair e encontrar os amigos. “Não há como garantir que quem sai não será contaminado. Ainda estamos em um período de doença e transmissão, e essas exposições aumentam o risco. É preciso ter ciência da situação e proteger os mais vulneráveis”, explica.

A médica lembra ainda que é preciso seguir as regras de segurança, como usar máscara, passar álcool gel e manter distância de pelo menos um metro de outras pessoas. Estabelecimentos que abriram também devem se manter dentro das regras para diminuir as chances de contaminação.

Segundo ela, mesmo quando a curva epidemiológica estiver em queda (o que ainda não é o caso para a capital federal), o vírus seguirá em circulação, ou seja, ele não vai desaparecer. “Vai ter transmissão, mas em nível menor, com suporte de leitos para atender a demanda”, afirma.

A médica patologista do Laboratório Exame, Natasha Slhessarenko, explica que ainda não é possível dizer que a pandemia no DF está sob controle, e é preciso entender que o tão falado “novo normal” exigirá novas posturas por parte da população. “Não podemos ainda estar em contato com idosos e outros pacientes com fatores de risco. Ainda não é o momento de encontrar, se abraçar e se beijar. Vamos fazer as coisas com cautela para que consigamos vencer e evitar uma segunda onda dessa epidemia”, afirma.

Por isso, ainda não há previsão de quando idosos e pessoas com comorbidades poderão encontrar a família — mesmo com espaço nas UTIs, essas pessoas podem desenvolver quadros severos da doença e ainda não há tratamento comprovadamente eficaz. Ravagnani diz que a ideia é que estes grupos continuem mantendo o isolamento social.

Leonardo Weissmann, infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que o momento ideal para retomar as socializações depende da taxa de contágio, a evolução do número de casos e de óbitos e a taxa da internação hospitalar. “Por enquanto, ainda é preciso manter o distanciamento entre as pessoas, o uso de máscaras e a higienização frequente das mãos”, ensina.

Não há um protocolo internacional estabelecido sobre pequenas reuniões sociais de acordo com a situação da região, e cada país controla os encontros da população de maneira diferente. Na Inglaterra, por exemplo, filhos que moram sozinhos só foram liberados para visitar os pais quando o índice de reprodução da doença (R) ficou abaixo de 1, ou seja, cada pessoa contaminada passaria a Covid-19 para “menos” de uma outra. No DF, a última informação, correspondente ao mês de junho, dá conta de uma taxa de 1,3.

Na Alemanha, um dos países que conseguiu controlar melhor a disseminação do vírus, até o final de junho, estavam liberados apenas encontros de até 10 pessoas, de duas famílias diferentes. O governo sugeriu, ainda, que a população restrinja o convívio social o máximo possível, e opte por reuniões ao ar livre.

Na França, que esteve no epicentro da pandemia nos primeiros meses e agora registra cerca de 133 novos casos por dia, apesar de o comércio estar aberto, as atividades de grupo permanecem restritas.

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