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É mito. Pesquisa descobre que não existe o chamado “gene gay”

Levantamento feito por pesquisadores internacionais descarta tese de que o comportamento sexual estaria inscrito em um único gene do DNA

atualizado

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Cris Faga/NurPhoto
Gay Pride 2019 In Sao Paulo
1 de 1 Gay Pride 2019 In Sao Paulo - Foto: Cris Faga/NurPhoto

A crença de que existe um “gene gay” acaba de cair por terra, de acordo com um novo trabalho científico conduzido por um grupo de pesquisadores internacionais liderados por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália. O estudo, publicado na revista especializada Science, indicou que o comportamento homossexual seria influenciado por uma infinidade de variantes genéticas e ambientais e não apenas por um único gene.

A partir de dados de mais de 500 mil pessoas, coletados do projeto Biobank do Reino Unido e da 23andMe, e entrevistas nas quais os participantes foram questionados não sobre a orientação sexual mas se alguma vez haviam mantido relações sexuais com alguém do mesmo sexo. Também foram feitas perguntas sobre fantasias sexuais e o grau em que as pessoas se identificam como gays ou heterossexuais. O levantamento não incluiu transgêneros.

Cerca de 4% dos homens e quase 3% das mulheres afirmaram ter tido alguma experiência sexual com alguém do mesmo sexo. Os pesquisadores detectaram cinco variantes genéticas (pequenas diferenças no DNA) que mostraram uma clara ligação ao comportamento sexual do mesmo sexo, segundo os estudiosos. Duas foram encontradas em homens e mulheres, duas apenas em homens e uma apenas em mulheres. Dois desses marcadores genéticos estão próximos de genes ligados aos hormônios sexuais e ao cheiro, fatores que podem desempenhar papel na atração sexual.

Entretanto, mesmo somadas, essas cinco variantes genéticas explicam menos de 1% da variação no comportamento homossexual entre os participantes. Isso sugeriria que outras variantes estariam envolvidas, cada uma desempenhando papel igualmente pequeno.

Ao analisarem a similaridade genética geral de indivíduos que tiveram experiência com pessoas do mesmo sexo, a genética parecia explicar entre 8% e 25% do comportamento. Outros fatores como influências ambientais e biológicas, como por exemplo o ambiente hormonal no útero, teriam papel importante na homossexualidade.

O estudo tem limitações, incluindo o fato de se basear principalmente em pessoas de ascendência europeia. A idade dos participantes também seria um fator limitante, já que os entrevistados teriam entre 40 e 50 anos, o que não representa uma amostra fidedigna da população em geral.

O assunto “gene gay” surgiu em 1993, a partir de uma pesquisa do geneticista Dean Hamer, do Instituto Nacional do Câncer dos EUA. O pesquisador publicou um artigo sugerindo que uma área do cromossomo X, chamada Xq28, poderia conter um “gene gay”. Entretanto, estudos posteriores não encontraram essa ligação.

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