Dúvidas sobre testes de Covid-19? Conheça todos e veja como evoluíram
Os exames de diagnóstico e de rastreamento sorológico são usados como ferramenta de vigilância da epidemia
atualizado
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Há um ano, o novo coronavírus pegou nações de todo o mundo despreparadas para enfrentar o que, três meses depois, se tornaria uma pandemia. Uma das estratégias de enfrentamento adotadas foi a vigilância epidemiológica, com o registro e a observação sistemática de casos suspeitos ou confirmados da doença a partir de testes.
Ao longo dos últimos meses, cientistas desenvolveram exames capazes de detectar o vírus ativo no organismo em apenas 30 minutos e até mesmo pela saliva, estratégias para acelerar o diagnóstico e frear a transmissão do vírus.
De acordo com o diretor médico da Dasa, grupo do Laboratório Exame, Gustavo Campana, a velocidade do resultado dos testes tem sido essencial em ambientes em que condutas imediatas se fazem necessárias.
“Se o paciente mais grave está em no pronto-socorro de um hospital precisando de UTI, onde são divididos os pacientes com Covid-19 e os sem a doença, o teste pode direcionar para onde esse paciente será encaminhado”, explica.
Ele lembra que, em meados de abril, o Brasil atravessava uma capacidade produtiva limitada por equipamentos e reagentes, que se expandiu ao longo dos meses. Exames para Covid-19 como o de saliva, em que o paciente faz o autoteste, driblam barreiras como a necessidade de agendamento, disponibilidade de profissionais capacitados para fazer a coleta do material e a locomoção desnecessária do paciente.
Conheça os principais testes disponíveis e saiba o momento certo de realizá-los:
Teste de anticorpo neutralizante
O teste mais atual no mercado é o de anticorpos neutralizantes. Ele estará disponível no Brasil, pela Dasa, a partir da próxima segunda-feira (21/12). O procedimento é indicado para a avaliação imunológica.
“O exame detecta os anticorpos e vê a proporção que bloqueia a ligação do vírus com o receptor da célula. Isso representa, de uma forma mais fidedigna, a imunidade”, explica Gustavo Campana. “Ele começa a ser uma realidade no mundo, ainda em uma escala menor do que a sorologia, porque são metodologias mais novas”, completa.
RT-PCR
Considerado “padrão-ouro” pela alta sensibilidade, o RT-PCR é usado para o diagnóstico da Covid-19. Ele detecta a carga viral até o 12º dia de sintomas do paciente, quando o vírus ainda está ativo no organismo. O resultado é entregue em, aproximadamente, três dias.
É uma metodologia que utiliza a biologia molecular para detectar o vírus Sars-CoV-2 na secreção respiratória, por meio de uma amostra obtida por swab (cotonete). Apesar de indolor, é comum que as pessoas relatem incômodo durante o exame devido à profundidade em que o cotonete precisa entrar.
Ele passou por várias melhorias ao longo dos últimos meses. No início da pandemia, todos os testes moleculares analisavam apenas dois genes, passando para três mais recentemente. “Os testes vêm evoluindo e ganhando sensibilidade e performance. Assim como qualquer teste laboratorial, quando se desenvolve, vai se adquirindo conhecimento e qualidade ao longo do tempo”, garante Campana.
Teste salivar para Covid-19 por RT-PCR
O teste salivar por RT-PCR utiliza a mesma metodologia do RT-PCR de swab e conta com precisão de mais de 90% para o diagnóstico da doença ativa. O procedimento deve ser feito nos sete primeiros dias da doença em pacientes com sintomas.
Ele pode ser usado por todas as pessoas, mas é apontado como uma opção menos invasiva para crianças, idosos e pacientes que não toleram a coleta pelo nariz. Basta cuspir em um recipiente e enviar o material para análise.
“A tecnologia do teste aumenta a capacidade de coleta. O paciente retira o kit nas nossas unidades, faz a coleta com o autoteste e devolve”, diz Campana. A partir de janeiro, a Dasa passará a enviar os exames para a casa dos pacientes para que ele não precise se locomover.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Goiás (UFG) e de outras instituições acadêmicas desenvolveram suas versões do teste.
Teste de antígeno
Assim como o RT-PCR, o teste de antígeno avalia a presença do vírus ativo coletando a secreção do nariz por meio de swab. O resultado leva apenas 30 minutos para ficar pronto, por isso, ele é indicado para situações em que o diagnóstico precisa ser rápido, no ambiente hospitalar.
O teste de antígeno começou a ser oferecido no Brasil em agosto, pela Dasa. De acordo com a empresa, ele tem cerca de 80% de confiança. Para a confirmação do diagnóstico, recomenda-se o exame de RT-PCR.
É um exame imunológico que avalia a proteína viral (Spike) no organismo por imunocromatografia. O método empregado no teste já é usado para outras doenças infecciosas, como a H1N1.
“A grande vantagem dele é o tempo e o fato de poder complementar a capacidade produtiva. Ele é muito vantajoso em situações que alguém precisa de uma informação rápida. No Brasil, o volume desse teste ainda é menor porque ele não entrou no hall de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS)”, comenta o diretor médico da Dasa.
Em geral, os testes de detecção do vírus são indicados para pacientes com sintomas. Nos casos assintomáticos, ele pode ser uma ferramenta de avaliação de contactantes de casos confirmados de Covid-19 e o rastreio epidemiológico para controlar novos surtos locais.
Teste imunológicos (sorologia)
Os testes de sorologia revelam se o paciente teve contato com o coronavírus no passado. Eles detectam a presença de anticorpos IgM, IGg ou IgA separadamente, criados pelo organismo das pessoas infectadas para combater o Sars-CoV-2, a partir de um exame de coleta de sangue. O exame deve ser realizado a partir do 10º dia de sintomas.
A precisão do resultado é menor do que nos testes do tipo RT-PCR e falsos negativos podem acontecer com mais frequência.
Teste rápido
Assim como o método anterior, o teste imunológico rápido detecta a presença de anticorpos e o resultado positivo sinaliza que o paciente já sofreu a infecção pelo novo coronavírus.
O método é semelhante aos testes de controle de diabetes, com um furo no dedo. A amostra de sangue é colocada em um reagente que apresenta o resultado rapidamente.
Esse método foi adotado por governos de todo o país para monitorar a população. Algumas nações como o Chile chegaram a usar o resultado positivo como um “passaporte” para liberar as pessoas do isolamento social no início da pandemia.
Teste de anticorpos totais
Este teste detecta a a produção do IgM e IgG no organismo a partir de um único exame de coleta de sangue e não faz a distinção dos valores presentes de cada anticorpo. A precisão do resultado chega a 95%.