Drogas alucinógenas eram usadas há 3 mil anos na Europa, mostra estudo
Pesquisadores encontraram as evidências mais antigas do uso de substâncias alucinógenas derivadas de plantas em uma caverna da Espanha
atualizado
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Cientistas da Universidade de Valladolid, na Espanha, afirmam ter encontrado a primeira evidência direta de que os humanos já usavam drogas alucinógenas na Europa há cerca de 3 mil anos. A descoberta foi feita a partir da análise de mechas de cabelo encontradas na caverna de Es Càrritx, na ilha espanhola de Menorca.
De acordo com um artigo publicado na revista Scientific Reports na quinta-feira (6/4), as substâncias são derivadas de plantas e arbustos e, provavelmente, eram usadas em rituais feitos na caverna.
A caverna de Es Càrritx foi descoberta em 1995. No local, foram encontrados pequenos recipientes cilíndricos de madeira com mechas de cabelos de aproximadamente 2,9 mil anos. Eles estavam escondidos em uma cova localizada em uma área remota, o que contribuiu com a preservação.
Ao analisar a composição dos fios, os pesquisadores detectaram a presença de três substâncias psicoativas: atropina, escopolamina e efedrina, que podem estar relacionadas ao consumo de plantas como mandrágora, meimendro, erva daninha e certas espécies de arbustos e pinheiros, de acordo com os autores do estudo.
A atropina e a escopolamina são conhecidas por induzir delírios e alucinações — juntas, elas podem causar sedação. Já a efedrina é um estimulante que aumenta a energia e o estado de alerta.
Em entrevista à agência de notícias EFE, a pesquisadora Cristina Rihuete, da Universidade Autônoma de Barcelona, contou ser pouco provável que os alucinógenos tenham sido usados como remédio para o alívio da dor, uma vez que a manipulação das substâncias é muito arriscada devido à toxicidade, o que favorece a teoria de uso para fins alucinógenos.
O estudo também chama atenção para a presença de traços de inscrições circulares nas tampas dos recipientes, semelhantes às encontradas em artefatos de outras culturas. Os círculos e espirais são interpretados como referências a olhos e visões.
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