Dose reforço ou 3ª dose: veja como assunto será definido no Brasil
A aplicação do reforço de vacinas em vários países reacendeu os questionamentos sobre quando e quais grupos terão acesso aqui
atualizado
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A morte do ator Tarcísio Meira – que tinha tomado duas doses da vacina Coronavac em São Paulo – e o início da aplicação de doses de reforço contra a Covid-19 em vários países do mundo reacendeu os questionamentos sobre quando e quais grupos terão acesso a novas vacinas contra a Covid-19 no Brasil.
Desde o início da vacinação e com o aparecimento das variantes, esse é um tema latente, pois nenhuma das vacinas aprovadas tem 100% de eficácia contra a Covid-19.
Na América do Sul, Chile e Uruguai já iniciaram a vacinação de idosos com uma dose reforço. Nos dois países, o imunizante aplicado na primeira etapa foi a Coronavac e, agora, vacinas de outras marcas estão sendo administradas, começando pelos grupos de idosos e de imunossuprimidos.
Em Israel, onde a vacina Pfizer/BioNTech foi uma das mais utilizadas, uma terceira dose está sendo aplicada em imunossuprimidos e idosos. Em setembro, Alemanha e França pretendem reiniciar a campanha de vacinação com reforço para os moradores com baixa imunidade, os mais velhos e os residentes de asilos de idosos.
“Todas as vacinas apresentaram resultados de eficácia mais baixos para a população idosa, mas isso não significa, necessariamente, que se resolva com uma terceira dose. É sabido que o sistema imunológico das pessoas mais velhas responde de maneira diferente, então é preciso verificar os ganhos de um esquema de reforço”, explica o infectologista Werciley Junior, chefe da área de Infectologia do Hospital Santa Lúcia, do DF.
Procedimento
Para que a aplicação de uma terceira dose ocorra no Brasil, é necessário que os fabricantes ou o Ministério da Saúde façam uma solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Quando houver essa solicitação, a recomendação para a terceira dose será avaliada pelo corpo técnico da agência reguladora a partir de dados sobre os benefícios da prática. Em outras palavras, os proponentes precisarão provar que os ganhos valerão à pena para os grupos a serem vacinados. O passo seguinte seria a incorporação da dose de reforço ao Plano Nacional de Imunização, que é de responsabilidade do Ministério da Saúde.
“A terceira dose é bem-vinda, o problema é que, no momento, precisamos priorizar o esquema completo para toda a população”, aponta a infectologista Ana Helena Germoglio em um raciocínio semelhante ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem repetindo em nível global.
A OMS vem criticando os países desenvolvidos que já estão dando a terceira dose, enquanto não há imunizantes garantidos para as populações dos países mais pobres.
Estudos
Nesta semana, dois estudos epidemiológicos sobre os benefícios de uma terceira dose estão sendo iniciados no Brasil. Os resultados devem acelerar o desfecho da questão no país.
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), contratada pelo Ministério da Saúde, começou, na segunda-feira (16/8), uma pesquisa para avaliar a terceira dose da vacina contra a Covid-19 em 1,2 mil voluntários selecionados em São Paulo e em Salvador. São idosos que receberam a vacina Coronavac ainda no início da campanha.
Em Paquetá, no Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está fazendo um estudo de vacinação em massa. Lá será avaliada a combinação entre a vacinas Coronavac – aplicadas na primeira etapa, com reforço dos imunizantes Oxford/AstraZeneca e Pfizer/BioNTech.