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Dose de reforço: especialistas apontam consequências de atrasar vacina

Para infectologistas, negligenciar o reforço ameaça os índices de proteção e contribui com o aumento de casos graves de Covid e internações

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Pessoas doentes em hospital com placa escrito Posto de Triagem
1 de 1 Pessoas doentes em hospital com placa escrito Posto de Triagem - Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Enquanto a Ômicron avança pelo território brasileiro, batendo recordes de casos e colapsando todo o sistema de saúde, dados do Ministério da Saúde, divulgados nesta semana, revelam que mais de 53 milhões de pessoas ainda não foram tomar a dose de reforço contra a Covid-19, mesmo já estando aptas a receber o imunizante.

O reflexo do descaso já vem sendo sentido nos hospitais do país, com taxa de 80% ou mais de ocupação dos leitos registrada na nota técnica da Fiocruz divulgada nessa quinta-feira (3/2).

Especialistas apontam que o aumento da contaminação está concentrado em grupos de pessoas que não receberam a dose de reforço e não vacinados, que acabam ficando mais suscetíveis a quadros graves da infecção pela Covid-19 e suas variantes.

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, a terceira dose já mostrou ser capaz de criar uma alta proteção contra o vírus, e negligenciá-la impacta negativamente no cenário pandêmico e traz consequências que podem ser fatais à população.

“Não receber o reforço ameaça os índices de proteção e contribui com o aumento de casos da doença, principalmente a causada pela variante Ômicron – cepa prevalente no país que, mesmo considerada mais branda, tem sido responsável por levar muitos às unidades de saúde. É importante que nossa população se vacine completamente”, declara Cunha. 

A comunidade médico-científica avalia que o esquema vacinal completo é fundamental para frear o avanço de novas variantes e reduzir hospitalizações e óbitos, principalmente em grupos de risco. Cunha afirma que há uma queda de proteção meses após receber o imunizante. Sendo assim, o reforço é essencial para recuperar os anticorpos rapidamente, criando uma melhor resposta na diminuição de condições graves. 

Eficácia comprovada

Um estudo realizado no último mês pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, com apoio do Instituto Todos pela Saúde, mostrou que a terceira dose da vacina contra Covid-19 aumenta a produção de anticorpos para até 99,7%, beirando a totalidade de proteção. De acordo com a equipe, o reforço não impede as formas leves da doença, mas protege de hospitalização e óbitos.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) do Distrito Federal, José David Urbaez Brito, explica que estar em dia com o imunizante não significa o fim do contágio, pois vacinados continuam transmitindo o vírus. 

“O esquema só é considerado completo com três doses. Na sua ausência, a principal consequência é o aumento da probabilidade de casos graves, que precisam de internação hospitalar, e que podem causar uma grande sobrecarga ao sistema de saúde, podendo até levá-lo ao colapso”, enfatiza Brito.

Segundo o levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, o Brasil ultrapassou a marca dos 40 milhões de brasileiros vacinados com a dose de reforço contra a Covid-19. O total de imunizados varia de 4,5% a 32% entre os estados.

O local com a menor taxa é Roraima e, na ponta contrária do gráfico, está São Paulo. A discrepância na aplicação da dose de reforço da vacina contra a Covid-19 tem preocupado especialistas e autoridades sanitárias, pois pode prejudicar o cenário do país durante a pandemia e adiar o controle do vírus.

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A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem
Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente
Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada
Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes.  O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma
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Diante do cenário de pandemia e da ampliação da dose de reforço, algumas pessoas ainda se perguntam qual é a importância da terceira dose da vacina contra a Covid-19

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A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem

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Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente

Tomaz Silva/Agência Brasil
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Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada

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Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes. O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova

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O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma

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Um estudo conduzido pela University Hospital Southampton NHS Foundation Trust, no Reino Unido, mostrou que pessoas que receberam duas doses da AstraZeneca tiveram um aumento de 30 vezes nos níveis de anticorpos após reforço da vacina da Moderna, e aumento de 25 vezes com o reforço da Pfizer

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As reações à dose de reforço são semelhantes às duas doses anteriores. É esperado que ocorram sintomas leves a moderados, como cansaço excessivo e dor no local da injeção. Porém, há também relatos de sintomas que incluem vermelhidão ou inchaço local, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, febre ou náusea

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Vale ressaltar que o uso de três doses tem o principal objetivo de diminuir a quantidade de casos graves e o número de hospitalizações por Covid-19

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Quem pode tomar a terceira dose

Atualmente, o governo recomenda o intervalo de quatro meses entre a segunda dose e a dose de reforço da imunização contra o coronavírus. O reforço pode ser aplicado em qualquer pessoa maior de 18 anos que tenha recebido as duas doses, respeitando o prazo mínimo após a segunda aplicação.

Conforme as orientações emitidas pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid), o imunobiológico da Pfizer será utilizado como dose de reforço em pessoas vacinadas com os imunizantes Coronavac, AstraZeneca e Pfizer.

A opção por essa vacina levou em consideração o aumento da resposta imunológica no esquema heterólogo, que mistura as fórmulas. Caso o imunizante da Pfizer esteja em falta, os imunobiológicos da Janssen e AstraZeneca também poderão ser utilizados na dose de reforço.

“Vacina sempre é uma extraordinária medida de proteção, isentar-se disso traz consequências ruins de infecção pelo Sars-CoV-2 que podem, inclusive, levar ao óbito”, conclui Brito.

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