Pessoas com doenças de pele têm mais problemas para dormir. Entenda
Estudo apresentado em congresso de dermatologia constatou a associação entre problemas de pele e distúrbios do sono
atualizado
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Um estudo apresentado no Congresso da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV) de 2023 apontou que quase metade dos pacientes com doenças de pele sofrem com distúrbios do sono.
A pesquisa, conduzida pelo All Project, uma iniciativa internacional de pesquisa, analisou mais de 50 mil adultos em 20 países para entender o impacto das doenças de pele na qualidade de vida. O estudo foi apresentado nessa quinta (12/10).
Os resultados destacaram a extensão das implicações dos distúrbios do sono na vida dos indivíduos com doenças de pele. Surpreendentemente, quase metade (49%) dos pacientes relataram uma redução significativa na produtividade no trabalho, em comparação com apenas um em cada cinco (19%) dos participantes sem doenças de pele.
O estudo identificou que a coceira (60%) e a sensação de queimação ou formigamento (17%) foram os principais sintomas que afetam o sono dos participantes com o problema. Eles relataram ter fadiga ao acordar (81%, contra 64% na população sem doenças de pele), sonolência durante o dia (83% a 71%), sensações de formigamento nos olhos (58% a 42%) e bocejos repetidos (72% a 58%).
“Nosso estudo é o primeiro a revelar o impacto profundo dos distúrbios do sono na saúde física dos pacientes com doenças de pele. Destacamos a necessidade urgente de identificação precoce e gerenciamento eficaz dos distúrbios do sono”, afirma o pesquisador Charles Taieb, principal autor do estudo.
“É crucial que os profissionais de saúde perguntem sobre distúrbios do sono durante os exames de pacientes com doenças de pele para entender melhor o impacto total dessas condições”, explica o pesquisador Bruno Halioua.
O estudo também investigou o impacto de viver com hidradenite supurativa, uma doença cutânea dolorosa e de longa duração que causa abcessos (pus) e cicatrizes na pele, afetando aproximadamente 1 em cada 100 pessoas.
Problemas de pele afetam autoestima
Os resultados revelaram que 77% dos pacientes com hidradenite supurativa sentiam-se estigmatizados devido à sua condição, com 58% experimentando ostracismo ou rejeição social. Mais da metade dos indivíduos relataram evitar o toque (57%) e a proximidade física (54%) devido à sua condição.
Essa estigmatização teve efeitos significativos na autoimagem, relacionamentos e vida diária dos pacientes. Eles eram mais propensos a evitar tirar fotos de si mesmos (52%) em comparação com aqueles sem a doença (84%) e costumavam verificar sua aparência sempre que viam um espelho (72% a 34%).
Halioua explica que a estigmatização ligada à condição tem um impacto profundo na vida dos pacientes e pode perpetuar um ciclo de isolamento e não adesão ao tratamento. O estudo enfatiza a necessidade urgente de esforços de educação pública para aumentar a compreensão e fornecer acesso a cuidados personalizados e serviços de apoio aos pacientes com hidradenite supurativa.
“Esta pesquisa é um passo crucial para apoiar melhor os pacientes e abordar os desafios ocultos que eles enfrentam devido ao estigma. Aumentando a conscientização, podemos trabalhar juntos para criar uma sociedade mais inclusiva, melhorando a adesão ao tratamento e aliviando o fardo suportado pelos pacientes”, acrescenta Taieb.
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