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Doença de Crohn fez jovem de 27 anos perder parte do intestino

Doença inflamatória causada pelo sistema imune atinge cerca de 70 mil brasileiros. Diagnóstico demora pois sintomas são inespecíficos

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Acervo pessoal
Foto mostra jovem morena de cabelos cacheados sorrindo para a câmera. É Camila, paciente que teve a doença de Crohn
1 de 1 Foto mostra jovem morena de cabelos cacheados sorrindo para a câmera. É Camila, paciente que teve a doença de Crohn - Foto: Acervo pessoal

Camila dos Santos Cerqueira Passos, de 27 anos, foi diagnosticada com a doença de Crohn aos 13 anos. A condição leva o próprio corpo do paciente a atacar o intestino provocando inflamações.

“A doença faz com que o sistema imunológico produza anticorpos contra o organismo, especialmente o intestino”, explica a gastroenterologista Renata Froes, especialista em doenças inflamatórias intestinais, do Rio de Janeiro. Os principais sintomas da doença de Crohn são dor abdominal, diarreia, sangramento e perda de peso – como são inespecíficos, é comum que o diagnóstico demore.

Sem saber que tinha o problema, Camila e a família atribuíram as diarreias frequentes e as dores abdominais à alimentação. O alerta vermelho só foi acionado quando ela começou a evacuar com sangue.

“Minha família me levou para uma consulta com uma proctologista, que era casada com um coloproctologista. Juntos eles fecharam o diagnóstico e, aquela altura, meu quadro já era grave”, lembra.

Daí em diante, a vida dela foi uma batalha de gato e rato contra a doença. A condição não tem cura, é preciso controlar a dieta, evitar gatilhos, tratar os sintomas e diminuir a atividade do sistema imune. Camila tomava corticoides e imunossupressores, mas, com o tempo, eles deixavam de funcionar e as crises voltavam.

“Foram tantas crises inflamatórias que tive de ser internada diversas vezes, sendo as duas últimas as mais demoradas e mais decisivas para o tratamento. Em 2021, retiraram 10 centímetros do meu intestino, que estava colapsado. Passei por várias medicações até chegar a uma que se adaptasse ao meu corpo”, conta.

Tratamento novo no SUS

O medicamento que vem controlando a doença em Camila é o imunobiológico ustequinumabe. Ele inibe reações do sistema imune e também tem indicação para ser usado contra a psoríase. Para os cerca de 70 mil pacientes que convivem com manifestações graves da doença de Crohn, a medicação está prestes a se tornar mais acessível.

No último dia 14/12, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) aprovou a incorporação da medicação no SUS e a previsão é que ela esteja disponível para os pacientes em até 180 dias.

“Muitos pacientes já não respondem aos tratamentos disponíveis e ter essa opção no arsenal terapêutico vai ajudá-los daqui para frente”, esclarece a médica Renata Froes.

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Camila foi diagnosticada aos 13 anos, mas só encontrou um tratamento que estabilizou seu quadro de saúde em 2022
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Devido às inflamações causadas pela doença, Camila teve de retirar parte do intestino

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Camila foi diagnosticada aos 13 anos, mas só encontrou um tratamento que estabilizou seu quadro de saúde em 2022

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A doença de Crohn

Além do intestino, a doença de Crohn pode atingir articulações, olhos e pele. “Existem alguns gatilhos que predispõem crises inflamatórias, especialmente estresse, alimentação desregrada e tabagismo”, explica a gastroenterologista.

Muitas vezes as pessoas demoram a ter acesso ao diagnóstico definitivo por acharem que se trata de uma doença mais simples. “Sintomas como dores abdominais, perda de peso, cansaço e diarreia tendem a ser minimizados em sua importância”, conclui Renata.

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