Doces e fast food reprogramam cérebro para querermos mais, diz estudo
Pesquisa alemã mostra que os alimentos ricos em açúcar e gordura aumentam significativamente as reações cerebrais à liberação de dopamina
atualizado
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Estar diante de uma bandeja de brigadeiros ou de um pacote de salgadinhos e comer apenas um é praticamente impossível para você? A culpa não é sua: um grupo de cientistas da Alemanha e dos Estados Unidos descobriu que os alimentos ricos em gordura e açúcar reprogramam o cérebro das pessoas para que elas, inconscientemente, queiram mais comida.
Os resultados do novo estudo foram publicados nessa quarta-feira (22/3) no site do Instituto Max Planck para Pesquisa do Metabolismo, da Alemanha. Os pesquisadores da instituição mediram a atividade cerebral de um grupo de voluntários, em um experimento em parceria com cientistas da Universidade de Yale, nos EUA.
Uma parte das pessoas recebeu um pequeno flan com altos níveis de açúcar e gordura diariamente durante dois meses. A sobremesa deveria ser inserida na dieta regular dos participantes. Outro grupo recebeu um doce com exatamente a mesma quantidade de calorias, mas menos gordura.
Os participantes que receberam o flan com alto teor de gordura e açúcar tiveram um aumento significativo das reações cerebrais após as oito semanas do experimento. Os pesquisadores notaram especialmente a liberação da dopamina – hormônio relacionado às sensações de prazer e bem-estar – em regiões do cérebro responsáveis pela motivação e recompensa.
Pequenas quantidades de dopamina são liberadas no cérebro quando as pessoas fazem algo que gostam, como comer um doce, dançar e fazer sexo, por exemplo. O consumo de álcool e de drogas recreativas também pode liberar o hormônio.
De acordo com os autores do estudo, esses estímulos fazem com que as pessoas desejem inconscientemente esses alimentos, os escolhendo mesmo quando há outras opções.
“Nossas medições da atividade cerebral mostraram que o órgão se reprograma através do consumo de gordura e açúcar. O cérebro aprende a preferir comida gratificante. Através dessas mudanças, inconscientemente sempre iremos preferir os alimentos que contêm muita gordura e açúcar”, explica o principal autor do estudo, Marc Tittgemeyer, em um comunicado.
Tittgemeyer acredita que a preferência por alimentos açucarados entre os voluntários continuará após o final do estudo. “Novas conexões são feitas no cérebro e não se dissolvem tão rapidamente. Afinal, o objetivo do aprendizado é que, uma vez que você aprende algo, não se esqueça rapidamente”, afirma.
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