Diretora da OMS: “Brasileiros deviam levar a pandemia a sério”
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Mariângela Simão afirma que é “irreal pensar que a crise vai acabar logo”
atualizado
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Em entrevista à Folha de S.Paulo, a diretora-assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a área de medicamentos e produtos de saúde, a médica curitibana Mariângela Simão afirma que os brasileiros estão minimizando o risco do coronavírus.
A especialista diz que a estratégia de isolamento adotada por outros países é correta e que a população do Brasil deveria levar a pandemia à sério: “É irreal pensar que vai acabar logo”, explica.
“Eu tenho visto muito nas redes sociais, no Brasil, pessoas minimizarem o risco. Tenho visto um pouco de descaso no sentido de que só afeta pessoas acima de 65 anos. Não é verdade”, afirma.
“Não é só uma questão sua, de você ter risco ou não de morrer ou ficar doente. É transmissão comunitária. Você ficando doente tem risco de infectar mais pessoas”, diz a especialista.
Mariângela diz ainda que as recomendações feitas pelo Ministério da Saúde estão “absolutamente alinhadas com o que a OMS preconiza”. “O Brasil tem um Sistema Único de Saúde com estrutura de vigilância epidemiológica razoavelmente eficiente. Tem uma espinha dorsal para enfrentar uma situação mais grave”, explica.
De acordo com a diretora-assistente, não é fácil determinar quando a pandemia se estabilizará e começará a declinar. Com a quarentena massiva feita pela China, os casos começaram a diminuir apenas depois de três meses. “É muito cedo, mas ela [a doença] ficará por algum tempo. É irreal pensar que vai acabar logo”, diz.
Ela afirma ainda que a vacina não deve estar disponível por pelo menos mais um ano, mas os resultados de estudos com 200 medicamentos para tratar o coronavírus devem ter resultados nos próximos meses.