Dieta mediterrânea altera bactérias intestinais que melhoram a memória
Estudo sugere que benefícios da dieta mediterrânea para o microbioma intestinal podem se refletir na memória
atualizado
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Não faltam estudos que mostram os benefícios da dieta mediterrânea para a saúde digestiva e para a longevidade, mas uma pesquisa recente mostrou que seguir o plano alimentar pode ser bom também para a memória e para a capacidade de raciocínio.
O estudo feito por especialistas da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, destacou a influência positiva da dieta mediterrânea no microbioma de bactérias intestinais, o que indiretamente pode melhorar a saúde cerebral, segundo testes realizados com camundongos.
A pesquisa, publicada na revista Gut Microbes Reports em dezembro, mostrou que o padrão alimentar é melhor para o cérebro do que uma dieta americana típica, focada em gorduras de origem animal e açúcares. Ratos alimentados com a dieta mediterrânea tiveram memória e capacidade de aprendizado maior.
A dieta mediterrânea, tradicional nas regiões costeiras do sul da Europa, é rica em alimentos frescos e naturais. Seus principais componentes incluem azeite de oliva como fonte de gordura, grande variedade de vegetais, frutas, grãos integrais, peixes e proteínas magras, além de consumo limitado de carnes vermelhas e gorduras saturadas.
O estudo da Universidade de Tulane identificou que, ao adotar um padrão semelhante a esse em ratos, eles tiveram uma mudança no microbioma intestinal, com níveis mais elevados de bactérias benéficas para o raciocínio, o que para os pesquisadores justifica seu melhor desempenho nos testes cognitivos.
Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que níveis elevados de bactérias como as Candidatus Saccharimonas levavam a um melhor desempenho em testes cognitivos, enquanto as Bifidobacterium estavam ligadas a déficits de memória.
Os impactos da dieta mediterrânea na memória
O estudo foi conduzido em ratos jovens, cuja idade equivale a 18 anos humanos, período crítico de desenvolvimento cognitivo. Durante 14 semanas, os animais foram alimentados com dietas que imitavam a complexidade das humanas. Aqueles no grupo mediterrâneo apresentaram vantagens claras em testes de memória e aprendizado, além de uma maior capacidade de adaptação a novas informações ao terem suas gaiolas modificadas.
“Essas descobertas sugerem que a dieta mediterrânea pode ser um recurso promissor para melhorar o desempenho escolar em adolescentes ou a produtividade no trabalho em jovens adultos”, afirmou o neurocientista Demetrius Maraganore, principal autor do estudo, em um comunicado à imprensa.
Ele fez a ressalva, no entanto, de que os resultados ainda são preliminares e baseados em modelos animais, mas reiterou que os achados refletem tendências observadas em estudos com humanos que vinculam a dieta à redução do risco de demência e à melhora da função cognitiva.
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