Dieta low carb é boa para todo mundo, diz cardiologista Lair Ribeiro
Segundo o médico, que também é nutrólogo, o consumo de carboidratos está ligado a doenças e deve ser diminuído para uma vida saudável
atualizado
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O cardiologista e nutrólogo Lair Ribeiro é um profissional polêmico. Autor de 38 livros e responsável por mais de cem trabalhos científicos publicados, defende que a medicina não está preparada para lidar com a importância da nutrição, que o paciente oncológico deve apostar na dieta cetogênica durante o tratamento (algo ainda não comprovado pela ciência) e que o segredo para uma vida saudável é deixar de lado os carboidratos.
A caminho de Brasília para participar do III Congresso Farmacotécnica em Medicina Preventiva, que acontece entre os dias 25 e 26 de maio, o médico conversou com o Metrópoles sobre alimentação. “A saúde vai à cavalo e volta à pé”, diz Ribeiro. Por isso, ele defende uma atenção extra ao que é colocado no prato.
Low carb
“Nosso organismo não está preparado para o glúten. O trigo, nos últimos 40 anos, sofreu modificações para melhorar a produtividade e, hoje, tem muito mais glúten. Os sintomas do corpo tentando lidar com a substância são dor de cabeça, palpitação e ganho de peso, por exemplo. Outro problema é que os grãos do Brasil são mal armazenados e contaminados com fungos.”
“O ideal é fazer como nossos ancestrais e diminuir a concentração de carboidratos. Há 15 mil anos os humanos eram nômades, não existia agricultura. Não podiam plantar trigo, milho, cana-de-açúcar. Eles caçavam e pescavam e, vez ou outra, encontravam um fruto silvestre.”
Doenças e comida
“Todo o processo de adoecimento tem, por trás, um problema nutricional. A pessoa que se alimenta bem dificilmente vai ficar doente. Pode pegar vírus e bactérias, mas não terá doenças degenerativas crônicas, como a pressão alta ou as doenças autoimunes.
Quando o paciente já está doente, a primeira ação deve ser parar de jogar gasolina no fogo. Se a pessoa desenvolveu Parkinson, provavelmente está comendo glúten. Pessoas com tremor, fazendo dietas sem glúten param em um mês com o sintoma. Nós, médicos, não aprendemos sobre nutrição na faculdade, achamos que é bobagem. Hipócrates, o pai da medicina, dizia: ‘que o remédio seja o alimento e o alimento seja o remédio.”
Emagrecimento
“Só de diminuir o carboidrato, a pessoa já sente uma diferença enorme. É importante lembrar que todo carboidrato vira açúcar. Mas é um processo que acontece aos pouquinhos — quem levou 20 anos para engordar não vai emagrecer em um mês. A saúde vai à cavalo mas volta à pé.”
Alimentos orgânicos
“Infelizmente, hoje, mesmo o alimento saudável deixa a desejar. Com o uso indiscriminado de agrotóxicos, e o Brasil é campeão no uso do produto, os fungos que permitem à planta absorver os minerais do solo morrem e a planta fica doente. O animal que consome a planta e é consumido por outros bichos ou pelo ser humano também acaba doente. Mesmo que a pessoa tenha uma dieta perfeita, ainda faltam os nutrientes que o tomate de livro teria, mas não tem na realidade, por exemplo.
Hoje, para ter saúde para valer, é preciso se alimentar com orgânicos, que não são baratos, ou fazer suplementação de vitaminas e minerais.”
Dieta cetogênica e quimioterapia
“A célula cancerígena ingere 15 vezes mais açúcar do que uma normal e, por isso, a dieta low carb faz uma diferença muito grande. Mas a oncologia brasileira não está preparada para isso. O paciente fazendo quimio pergunta se pode tomar sorvete, que é basicamente açúcar e gordura trans, e o profissional libera. Ele tenta matar a célula na quimioterapia de manhã e alimenta ela à tarde.”