Dieta à base de plantas pode diminuir sequelas da Covid, diz estudo
Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e pobre em alimentos de origem animal pode ajudar no gerenciamento dos sintomas da doença
atualizado
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A recuperação após uma infecção do coronavírus varia de paciente para paciente. Há os que retomam aos hábitos cotidianos de maneira quase imediata e os que sofrem com sequelas que podem durar meses após a contaminação. Contudo, um estudo publicado na revista científica Public Health Nutrition apontou que dieta rica em frutas, verduras e legumes e pobre em alimentos de origem animal pode ajudar na diminuição dos sintomas da Covid persistente.
Os pesquisadores utilizaram análises clínicas e observacionais realizadas antes da pandemia para chegar à conclusão. Os dados revelaram os benefícios de uma nutrição baseada em plantas no tratamento de condições clínicas que também são encontradas em pacientes que foram infectados pelo Sars-Cov-2.
“Este tipo de alimentação é extremamente benéfica por ser rica em fibras, antioxidantes e fitoquímicos, pobre em gorduras saturadas e substâncias pró-inflamatórias, além de ser livre de colesterol”, destaca a médica nutróloga e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Marcella Garcez.
A lista de sequelas deixadas pelo vírus inclui falta de ar, alteração do paladar e olfato, perda da massa muscular, cansaço físico e emocional, distúrbios do sono e psicológicos, entre outras queixas. Um dos focos do estudo foi principalmente o impacto da alimentação baseada em plantas na saúde mental, visto que a pandemia levou a maiores índices de ansiedade e depressão.
Nutrientes que auxiliam na recuperação
A partir das análises do estudo, os pesquisadores observaram que uma alimentação rica em antioxidantes e polifenóis ajuda a aliviar o estresse emocional e psicológico e melhorar a saúde mental.
“A baixa ingestão de fibras e o consumo excessivo de gorduras saturadas são fatores associados com um sono mais leve e de menor qualidade. Logo, aumentar o consumo de fibras ao mesmo tempo em que reduzimos a ingestão de gorduras saturadas pode ser uma estratégia benéfica para melhorar as desordens do sono relacionadas às sequelas da Covid”, acrescenta Marcella.
Recomendações
Os pesquisadores observaram que uma dieta baseada em proteína animal, gorduras e açúcar, pode favorecer o surgimento de dor muscular e articular. Em contrapartida, uma alimentação cheia de nutrientes como fibras, magnésio, ácido fólico e antioxidantes pode contribuir para o alívio das dores musculoesqueléticas.
“Uma dieta rica em plantas proporciona uma redução no consumo de mediadores pró-inflamatórios, ajudando a diminuir a inflamação sistêmica prolongada associada às dores musculares. Além disso, ainda contribui para a perda de peso, mecanismo importante no controle da dor muscular e articular”, explica a especialista.
Foi observado também o impacto da alimentação baseada em plantas sobre a imunidade, chegando à conclusão que o consumo de alimentos de origem vegetal pode modelar positivamente a função imune, o que também ajuda a reduzir a inflamação sistêmica.
“Antioxidantes, polifenóis e fitoquímicos, principalmente o resveratrol e a quercetina, afetam uma série de tipos de células envolvidas no bom funcionamento do sistema imunológico, além de exibirem propriedades antivirais”, afirma a médica.
Segundo Marcella, através dessa revisão é possível concluir que a adoção de uma dieta baseada em plantas pode ser uma estratégia acessível no tratamento e combate das sequelas prolongadas do coronavírus no organismo, principalmente se combinada a outras mudanças de hábito, como a prática regular de exercícios físicos.