DF: rede pública passa a oferecer cirurgias para diabetes do tipo 2
Primeiro procedimento foi realizado nesta terça-feira (25/06) no Hran. Antes, a técnica estava restrita à rede privada
atualizado
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O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) realizou, com sucesso, nesta terça-feira (25/06/2019), a primeira cirurgia do Brasil para tratar diabetes do tipo 2 no Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento, que durou pouco mais de 40 minutos, foi transmitido ao vivo para convidados, no auditório da unidade.
A intervenção foi comandada pelo médico Renato Teixeira, coordenador do Serviço de Cirurgia do Diabetes do Distrito Federal. De acordo com ele, a paciente não respondia ao tratamento clínico contra a doença, que continuava a evoluir e com risco de causar cegueira. “Estamos sendo inovadores em Brasília. A cirurgia é efetiva para o diabetes, e muito segura. Com isso, podemos evitar mortes, sequelas, infarto e diminuir o custo dos medicamentos que esses pacientes usam a vida toda”, informou o cirurgião.
A cirurgia consistiu em um procedimento para diminuir o trânsito do alimento entre o estômago e o intestino – para tanto, partes dos dois órgãos foram cortadas. De acordo com o médico, os pacientes com diabetes do tipo 2 são beneficiados com procedimentos assim, pois no final do intestino é produzida uma substância chamada de incretina, que atua no pâncreas e o faz produzir insulina mais rápido.
Antes, a cirurgia era realizada no Brasil como pesquisa e de forma experimental, apenas na rede privada. Contudo, em 2018, o Conselho Regional de Medicina (CRM), pela Resolução n° 2.172, autorizou a inserção do tratamento cirúrgico para o diabetes. “O GDF, de forma inovadora, e respeitando o CRM, foi o primeiro a regulamentar o procedimento no âmbito do SUS”, ressaltou Renato Teixeira. Entre os presentes para comemorar a realização, estava o governador do DF, Ibaneis Rocha, que já realizou um procedimento semelhante em um hospital privado.
A partir de agora, o Hran oferecerá a cirurgia aos pacientes com diabetes do tipo 2, que tenham indicação para a cirurgia. As vantagens do procedimento incluem: controle efetivo dos níveis de glicemia; diminuição importante da mortalidade, doenças renais, cegueira, amputações e custos para o SUS; na maioria dos casos, representa uma retirada dos medicamentos, incluindo insulina; além do aumento na qualidade de vida do paciente e sua reinserção na vida social saudável.
Diabetes
A diabetes é uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, sendo a primeira causa de morte não traumática no mundo. Existem o tipo 1 e o tipo 2 da doença. No tipo 1, a pessoa já nasce com ela devido a alterações no pâncreas. No tipo 2, a pessoa adquire a doença devido, geralmente, à predisposição e associação à obesidade.
A prevalência de obesidade, no Brasil, é de 10%, afetando cerca de 450 mil pessoas no Distrito Federal e Entorno, e atingindo cada vez mais as crianças.
No Brasil, a cada mil pessoas com diabetes do tipo 2, um total de 27 morrem, por ano, devido a infarto do miocárdio. Metade das pessoas com diabetes do tipo 2 vão desenvolver doença renal grave. Aproximadamente, 80% das pessoas em hemodiálise têm diabetes. Além disso, um paciente, a cada dez, terá comprometimento grave da visão. A amputação é 20 vezes mais comum em pacientes com diabetes.
(Com informações da Secretaria de Saúde do DF)