DF: lotação faz hospitais colocarem 6 pacientes em 1 ponto de oxigênio
Estrutura que serve para acoplar aparelhos que dão suporte respiratório estão sendo usadas por até 6 pacientes ao mesmo tempo
atualizado
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O aumento no número de casos de Covid-19 no Distrito Federal nas últimas semanas faz com que médicos e profissionais de saúde tenham que “improvisar” para manter pacientes que necessitam de suporte respiratório. O principal problema é a falta de pontos de oxigênio, onde os equipamentos que auxiliam na função respiratória dos pacientes possam ser acoplados.
Os pontos de oxigênio são dispositivos instalados em leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) que canalizam o oxigênio líquido e outros gases necessários para a manutenção dos pacientes.
Médicos ouvidos pelo Metrópoles, que pediram para não serem identificados, afirmam que o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) fechou o atendimento na quarta-feira (10/3) por falta de pontos de oxigênio.
No Hran, que é referência para o tratamento da Covid-19, e no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), que também atende aos infectados pelo novo coronavírus, até 6 pacientes estão compartilhando o mesmo ponto de oxigênio. Em condições normais, cada ponto é utilizado para manter apenas um paciente.
“Esses pontos, geralmente, são de uso individual. Quando não, coloca-se uma peça para fazer a ramificação dessa saída de oxigênio. Pela grande demanda, os médicos estão tendo que colocar várias peças dessas para conseguir distribuir o oxigênio”, conta uma médica.
Ela relata que a distribuição adequada de oxigênio pode ser prejudicada com a “gambiarra”. “As saídas de oxigênio têm uma pressão. O que pode acontecer é não conseguirmos fornecer adequadamente o que o paciente precisa, mas é uma alternativa quando não se tem mais pontos de oxigênio”.
O Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico) confirma que tem recebido relatos sobre o problema de infraestrutura. Em nota publicada em seu portal, o Conselho Regional de Enfermagem do DF (Coren-DF) também relata a suspensão do atendimento no Hran na quarta.
“Os pacientes e servidores estão abandonados na batalha pela vida. Por mais competente que seja um profissional, é impossível prestar assistência de qualidade a 80 pacientes ao mesmo tempo. Não queiram estar na pele de quem está na linha de frente agora, nunca vi nada mais difícil”, afirmou o presidente do Coren-DF, Elissandro Noronha, ao site da instituição.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde reconhece o problema da falta de pontos de oxigênio. “A demanda de pacientes é muito alta para os pontos fixos de oxigênio nas unidades, por isso, é necessária a utilização de tubos de oxigênio portáteis para suportar a demanda nesse momento”, afirma.
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