Desafios fitness funcionam? Entenda os prós e contras da competição
Populares no início do ano, o desafios fitness são ótimos para começar a praticar exercícios físicos, mas podem gerar competição excessiva
atualizado
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Incluir exercícios físicos na rotina ou começar a se movimentar em busca daquela meta de Ano Novo, muitas vezes, é mais difícil do que se imagina. Entrar em desafios fitness com amigos pode ser uma maneira eficiente de engrenar.
Existem desafios semanais, mensais ou por períodos maiores, o de 75 dias é um exemplo. Com a ajuda da tecnologia, é possível registrar as atividades em aplicativos, informando o tempo de prática, o tipo de atividade executada e as calorias gastas.
O educador físico Rodrigo Fenner, professor da Faculdade Uniguaçu, do Paraná, avalia que os desafios fitness ajudam na adesão às atividades físicas porque estabelecem uma meta. Isso ajuda no processo de motivação, principalmente para as pessoas que já tentaram se engajar e não conseguiram.
“Ter um desafio é uma motivação a mais e, com certeza, ajuda a tirar a pessoa do sofá”, afirma Fenner.
O profissional de educação física André Trombini, professor na Bodytech, destaca que os desafios em grupo tornam o processo mais divertido, além de promover um senso de compromisso e responsabilidade entre os participantes.
A competição transforma o exercício em hábito, fornecendo um estímulo poderoso para sustentar a prática após o fim do desafio. “Para garantir que esse estímulo perdure, é importante que os desafios sejam construídos de forma a promoverem a saúde e o bem-estar a longo prazo, focando não apenas em resultados imediatos, mas também em hábitos sustentáveis”, sugere Trombini.
Contudo, é importante garantir que a competição seja saudável e motivadora, focando na colaboração e no apoio entre os participantes.
“O caráter competitivo, a médio e longo prazo, pode mais atrapalhar do que ajudar”, acredita o professor Murilo Jacobucci, Faculdade Uniguaçu. “Atividade física não é um jogo onde o esforço, sem consequências, determina um vencedor. Atividade física envolve variáveis da saúde que devem ser obrigatoriamente bem dosadas para cada pessoa”, considera.
Por que é tão difícil manter uma rotina sozinho?
Os motivos são variados, mas a dificuldade em se engajar em uma rotina de exercícios pode estar relacionada a experiências negativas do passado, pressão social, pouca resistência à dor ou fadiga. Também contam falta de autoestima, de motivação e de organização com o tempo.
“Entender esses aspectos é necessário para reconstruir um bom início de adaptação”, afirma a psicóloga clínica e hospitalar Gabriella Ciardullo, que atende na clínica Biotipo, em Brasília.
Importância da rede de apoio
O envolvimento dos participantes é crucial para a adesão de todos. A psicóloga considera que palavras de motivação durante as atividades facilitam a adesão e fortalecem a autoestima dos participantes.
Os especialistas alertam, entretanto, que é importante evitar abordagens excessivamente autoritárias, que transformem a prática em uma obrigação. Promover uma abordagem encorajadora ajuda a manter o exercício como fonte de prazer e bem-estar.
“Para que se tenha uma boa experiência e os resultados sejam satisfatórios, é necessário companheirismo e empatia entre os participantes. O autoconhecimento e o respeito aos limites do outro é fundamental”, afirma Gabriella.
Qual é o melhor modelo de pontuação?
Existem diferentes estratégias de classificação. O mais comum é que os usuários comprovem por foto que realizaram alguma atividade física naquele dia. Assim, ganha quem tiver o maior número de dias praticados ao final de uma semana ou mês, por exemplo.
A contagem de pontos também pode ser feita por atividade praticada – por exemplo: cárdio; musculação; cárdio + musculação; natação; e assim por diante – ou por tempo de atividade praticada.
A escolha da melhor forma de contagem depende das preferências e metas individuais de cada pessoa. “O importante é encontrar uma abordagem que seja desafiadora, porém realista e sustentável a longo prazo. Sempre sou a favor da diversificação nos treinos”, recomenda André Trombini.
Vale a pena juntar pessoas com diferentes níveis de prática?
Em um grupo com perfis muito distintos, é natural que algumas pessoas se sintam deslocadas.
O professor Murilo Jacobucci considera que a heterogeneidade de perfis pode inspirar as pessoas que têm maior dificuldade de incluir os exercícios físicos à rotina. Mas elas devem ficar atentas para não se excederem.
“Ficar atrás na pontuação pode desestimular assim como também gerar esforços além do que as atuais capacidades individuais suportam, gerando consequências negativas. O equilíbrio talvez esteja em criar competitividade em respeito a uma classificação específica de competências”, considera.
Prós e contras dos desafios fitness para o bem-estar
Prós:
- Proporciona sensação de realização pessoal;
- Aumenta a autoestima;
- Fortalece a motivação;
- A companhia de outras pessoas tira o foco apenas do exercício;
- Senso de orgulho e satisfação quando as pessoas alcançam os objetivos.
Contras:
- O excesso de competitividade pode levar à comparação;
- Além disso, a pressão pode levar a comportamentos extremos e até mesmo lesões físicas.
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