“Desafio humano” para criar vacina contra Covid-19 atrai 9 mil brasileiros
A tarefa é organizada por grupo de cientistas e consiste em ser contaminado propositalmente pelo vírus a fim de apressar testes de vacina
atualizado
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A possibilidade de contribuir com a ciência e o desenvolvimento de uma vacina capaz de conter a Covid-19 fez com que 9 mil brasileiros se candidatassem ao estudo de desafio humano da organização americana 1DaySooner. Nele, depois de receber uma candidata à imunização, os voluntários são expostos deliberadamente ao novo coronavírus para que os cientistas estudem a eficácia e a segurança do medicamento com mais rapidez.
Criada em abril, a 1DaySooner já amealhou 32,6 mil voluntários de 140 países. O Brasil ocupa o segundo lugar no número de inscritos, atrás apenas dos Estados Unidos, com 15 mil.
Em julho, a 1DaySooner recebeu o apoio de mais de 150 cientistas por meio de uma carta aberta, endereçada ao diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA, Francis Collins. Entre os que assinaram, 15 são ganhadores do Prêmio Nobel, incluindo o professor do departamento de Genética Humana da Escola de Medicina da Universidade de Utah, Mario Capecchi; a professora de Biologia Molecular e Genética da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, Carol Greider; e os professores da Universidade de Harvard, Oliver Hart, Lewis P. e Linda L. Geyser.
Eles defendem as vantagens de apressar as etapas previstas para o desenvolvimento de um medicamento, com o objetivo de evitar milhares de mortes e casos da doença ao redor do mundo. A metodologia inovadora, indiretamente, também ajudaria em “recuperações econômicas e sociais robustas”.
No cerne da questão, entretanto, há um problema ético. Para que o desafio humano da vacina fosse feito, seria necessário contaminar pessoas saudáveis em um momento no qual não existe cura ou medicamento comprovadamente capaz de tratar pacientes com a Covid-19. Isso significa expor pessoas às complicações da doença.
O desenvolvimento de uma vacina requer diversas etapas de testes em laboratório e em voluntários humanos. Para assegurar a eficácia da imunização, nos ensaios clínicos convencionais, os cientistas precisam esperar meses após a aplicação da injeção ou de um placebo até que os voluntários tenham contato com o vírus naturalmente e produzam (ou não) os anticorpos capazes de combatê-lo.
A 1DaySooner sugere que sejam selecionados apenas candidatos jovens e saudáveis, com idades entre 20 e 29 anos, para reduzir o risco de complicações. Eles seriam isolados do resto das pessoas no decorrer do estudo para garantir o monitoramento constante e a assistência médica imediata. (Com informações do Estado de São Paulo)