metropoles.com

“Deram-me 9 anos de vida”, diz mulher com problema grave no coração

Márcia Ancino, 54 anos, superou as expectativas dos médicos após diagnóstico de condição rara no coração e segue em busca de tratamento

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Márcia Ancio/ Imagem cedida ao Metrópoles
Imagem colorida mostra mulher com problema no coração em pé - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra mulher com problema no coração em pé - Metrópoles - Foto: Márcia Ancio/ Imagem cedida ao Metrópoles

Aos sete anos de idade, a mineira Márcia Maria Socorro Ancio escutou dos médicos que, por conta de problemas no coração, viveria apenas até os 16 anos. A curta expectativa de vida foi dada após os diagnósticos de ventrículo único (VU) e estenose valvar pulmonar combinados com a presença de órgãos infantis, que não se desenvolveram proporcionalmente à sua idade.

Porém, contrariando a previsão dos médicos, Márcia completou 54 anos em julho deste ano.

“Os médicos falam: ‘Agradeça, a sua vida é um grande milagre’. Estou com 54 anos graças a Deus”, diz a mineira, que hoje vive com a irmã em Serra, município do Espírito Santo.

Ventrículo único (VU) é uma má-formação congênita caracterizada pela presença de uma única câmara na parte inferior do coração para suportar todo o sangue que vem do corpo e do pulmão — um órgão normal tem dois ventrículos para dar conta do trabalho.

A situação ocorre porque a outra câmara acaba sendo muito pequena ou praticamente inexistente, não cumprindo sua função, segundo especialistas do Sabará Hospital Infantil, de São Paulo. Nesta condição, o único ventrículo recebe sangue dos dois átrios, o esquerdo e o direito, sobrecarregando a câmara.

A estenose valvar pulmonar, por sua vez, é uma cardiopatia congênita caracterizada pelo estreitamento da abertura da válvula pulmonar que bloqueia o fluxo de sangue do ventrículo direito para a artéria pulmonar. Em condições normais, a passagem pelo pulmão permite que o sangue seja oxigenado para circular pelo corpo e fornecer oxigênio aos tecidos.

Quando o fluxo é prejudicado, o paciente pode sofrer dor torácica (angina), falta de ar e desmaios. Nos casos graves, a condição pode levar à insuficiência cardíaca na infância. Os bebês com a doença chegam a ter uma coloração azulada da pele e mucosas (cianose) nas primeiras horas de vida.

Imagem colorida mostra mulher com problema cardíaco com suporte de oxigênio - Metrópoles
Márcia Maria Socorro Ancio usa o suporte de oxigênio para respirar por causa de problema no coração

“Minhas irmãs contam que eu nasci toda roxinha, cansada e sem conseguir mamar. A gente morava na roça, não tinha nenhum aparelho moderno para fazer exames na cidade ou tratamento, e não tínhamos condições de viajar para fora”, conta.

Doença limitadora

Com o passar dos anos, a falta de ar limitou as atividades cotidianas de Márcia, que tem suporte de oxigênio e nunca conseguiu trabalhar.

Em 2003, ela sofreu uma embolia pulmonar grave — o quadro acontece quando há obstrução completa da artéria pulmonar por coágulos. Se não for tratada a tempo, pode levar à morte. Para os sobreviventes, uma das principais sequelas é a diminuição da capacidade respiratória e dificuldade para realizar atividades que envolvam esforço. No caso de Márcia, que já tinha problemas anteriores, a situação foi agravada.

Hoje, a mineira conta com a ajuda das irmãs para realizar tarefas simples do dia a dia, como limpar a casa e cozinhar. “No passado, eu fazia muita coisa, hoje não consigo mais. Fico muito cansada”, afirma.

Para tentar melhorar a situação do órgão e a sua qualidade de vida, Márcia fez tratamento cardíaco em São Paulo por dez anos. Recentemente, depois que ela sofreu seis arritmias cardíacas, os médicos indicaram a cirurgia para colocar um desfibrilador implantável (CDI) que monitora constantemente o coração e corrige o ritmo cardíaco acelerado.

O equipamento não foi implantado, no entanto, porque a equipe encontrou mais riscos do que benefícios no procedimento. Márcia também não estava segura com a opção. “Eu fico com medo de mexer por causa do meu problema cardíaco”, conta.

Apesar de todos os contratempos de saúde e da dificuldade em completar as tarefas do dia a dia, Márcia não desistiu de tratar o seu problema. A médica responsável pelo caso indicou um novo tratamento, mas a mineira não tem condições de bancar mais uma viagem à São Paulo no momento. Mesmo assim, se for necessário, fará o que for possível para estender ainda mais a expectativa de vida e continuar surpreendendo os médicos e a família. “Vamos dar um jeito, e ir”, diz.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?