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Dengue pode ser transmitida em relação sexual? Médicos esclarecem

Embora o Aedes aegypti seja o principal vetor da doença, mosquito não é a única possibilidade de transmissão da dengue

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Foto em close das pernas de um casal deitado na cama - Metrópoles
1 de 1 Foto em close das pernas de um casal deitado na cama - Metrópoles - Foto: filadendron/Getty Images

Com a explosão de casos de dengue desde janeiro, as ações para eliminar os criadouros do Aedes aegypti e o uso de repelente para evitar o contato com o mosquito são prioridade. Porém, apesar de o inseto ser o principal transmissor da doença, é possível entrar em contato com o vírus de outras formas — inclusive na cama.

Duas ocorrências registradas em 2018 e 2019 comprovam que a transmissão sexual da dengue é possível. O primeiro caso aconteceu em uma relação entre homens, na Espanha, e o segundo, com um casal heterossexual da Coreia do Sul.

Os infectologistas ouvidos pelo Metrópoles apontam que a situação é rara, mas pode acontecer. “A transmissão sexual da dengue pode ocorrer principalmente nos primeiros cinco dias de doença, quando a quantidade de vírus circulando pelo corpo da pessoa é bastante alta”, afirma a infectologista Eliana Bicudo, da Clidip, em Brasília.

Qual a gravidade da dengue no sexo?

Ela explica que a transmissão é infrequente e causa um quadro menos grave do que o da zika, mas pode ocorrer especialmente nos casos de infecções assintomáticas. “Nos primeiros cinco dias, a pessoa normalmente manifesta mais sintomas e diminui a atividade sexual”, aponta.

Além disso, é difícil precisar qual a frequência em que a transmissão por via sexual acontece, já que o vírus da dengue não é adaptado para se multiplicar nos fluídos corporais. “Só conseguimos identificar esses casos onde sabemos que não existe o mosquito e é possível fazer um histórico de viagens de terceiros que se envolveram sexualmente, mas é uma excepcionalidade”, explica a infectologista Viviane Avelino, de São Paulo.

Segundo o médico Marcelo Daher, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), boa parte das doenças virais pode ter transmissão por via sexual.

“Não é o modo de transmissão mais comum e nem o mais importante, mas eventualmente pode acontecer. Não é algo que leve a um aumento de casos relevante”, pontua.

Quem deve se preocupar?

Isso não quer dizer, porém, que a transmissão sexual da dengue seja totalmente irrelevante. Especialmente para mulheres em período fértil ou que estejam tentando engravidar, é importante não fazer sexo desprotegido com parceiros que tiveram dengue nos 30 dias anteriores.

“Existe risco de transmissão da mãe para o bebê e com isso aumentamos muito as chances de malformações e aborto precoce. Ter uma infecção por dengue na fase inicial da formação fetal é muito perigoso e se sabemos que há risco da transmissão sexual, melhor evitá-la”, pondera Eliana.

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses 
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias

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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos

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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes

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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos

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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte

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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue

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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão

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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada

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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas

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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas

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Sexo com dengue dificulta doação de sangue

Pelo risco de propagação do vírus, os médicos também recomendam um cuidado especial antes de doar sangue. Indivíduos que tiveram dengue devem aguardar ao menos 30 dias após a recuperação clínica para fazer o procedimento, assim como quem teve relação sexual recente com alguma pessoa que teve a doença.

“É importante aguardar pelo menos um mês após a relação para fazer a transfusão por conta do risco, mas é algo relevante apenas para uma parcela pequena da população que é doadora frequente de sangue”, indica Daher.

Pensando nesta proteção, a Anvisa emitiu uma nota técnica conjunta com o Ministério da Saúde na segunda-feira (4/3) recomendando considerar inaptas para a doação por um mês as pessoas que tomaram vacinas da dengue ou fizeram sexo com indivíduos infectados.

Os especialistas ressaltam que caso a relação tenha sido desprotegida, é preciso esperar ainda mais tempo. A indicação é aguardar 12 meses, não só por conta da dengue, mas de todas as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e demais doenças virais que também podem ser adquiridas por via sexual.

“Várias doenças virais, como febre amarela, oropouche, dengue, zika e chikungunya, têm potencial de transmissão através do esperma, líquido seminal e secreção vaginal”, afirma Eliana.

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