Quadro anterior de dengue pode piorar efeitos do zika em gestantes
Pesquisa descobriu que saguis grávidas infectadas previamente pelo vírus da dengue passaram 100 mil vezes mais zika para seus filhotes
atualizado
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Pesquisadores dos centros de pesquisa americanos Trudeau Institute e Texas Biomedic Research Institute descobriram que o vírus da dengue e do zika podem estar interligados e influenciar a gravidade da infecção em gestantes. O vírus do zika está relacionado a casos de bebês que nascem com microcefalia.
O estudo foi publicado no início de junho na revista científica Science Translational Medicine. Segundo os cientistas, macacos saguis fêmeas que estavam grávidas e tinham sido infectadas pelo vírus da dengue antes de ter contato com o zika passaram uma quantidade 100 mil vezes maior de vírus para o feto do que as que não tiveram a doença em outro momento.
“Acreditamos que o vírus do zika tem a habilidade de explorar os mecanismos de defesa do sistema imunológico. Isso provavelmente permite que o vírus atravesse a placenta, que normalmente age como uma barreira de imunidade entre a mãe e o feto, levando à disrupção do desenvolvimento neuronal fetal”, explica a imunologista In-Jeong Kim, uma das autoras do estudo, em entrevista ao site do Texas Biomedic Research Institute.
Os pesquisadores acreditam que o zika usa os anticorpos criados pelo organismo humano contra a dengue para entrar nas células e se replicar.
O fenômeno é conhecido como infecção aumentada dependente de anticorpos. Na pesquisa para descobrir quais células de defesa poderiam ajudar o zika, os cientistas chegaram nas criadas para lutar contra a dengue — os dois vírus são semelhantes e disseminados pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti.
Um estudo anterior, publicado em agosto de 2020, já tinha feito a associação contrária: pacientes que tiveram zika anteriormente são mais suscetíveis a desenvolver quadros graves de dengue.
“Nossa descoberta sugere que ter anticorpos para ajudar a lutar contra um vírus pode, na verdade, agravar os efeitos de outro vírus completamente diferente”, explica a patologista Jean Patterson, que também faz parte do estudo.
Ela lembra que o levantamento foi feito com apenas um número pequeno de animais e ainda é necessário continuar investigando para descobrir se os achados também são verdadeiros para humanos. O objetivo dos pesquisadores é gerar informação suficiente para o desenvolvimento de vacinas mais eficazes e estratégias terapêuticas que possam proteger gestantes dos efeitos do zika durante a gravidez.
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