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Dengue: o que falta para o Brasil ter mais doses da vacina?

O Brasil conta com apenas 6,5 milhões de doses da vacina contra a dengue para 2024. Elas vão garantir a vacinação de 3,2 milhões de pessoas

atualizado

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BRENO ESAKI/METRÓPOLES
Vidro de vacina da dengue sobre caixa - Metrópoles
1 de 1 Vidro de vacina da dengue sobre caixa - Metrópoles - Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES

Por anos, as únicas formas de prevenção contra a dengue foram o controle da proliferação do mosquito Aedes aegypti e o uso de repelentes e de armadilhas larvicidas. A aprovação de uso da vacina Qdenga, no ano passado, trouxe a esperança de que os surtos e as epidemias da doença fossem, finalmente, contidos.

No entanto, neste início de 2024, quando o Brasil caminha para a pior epidemia de sua história, a quantidade de vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) é suficiente para alcançar apenas 1,6% da população, e o imunizante está restrito à faixa etária entre 10 e 14 anos.

A vacinação nas clínicas particulares, com a Qdenga sendo comercializada por cerca de R$ 500, chegou a ser suspensa por falta de doses.

O contrassenso – existir a vacina, mas não ter a quantidade de imunizantes necessários para a aplicação – é atribuído pelo governo e pelo próprio fabricante, o laboratório Takeda, à falta de capacidade de produção.

O Ministério da Saúde e a empresa japonesa firmaram, em dezembro passado, um acordo garantindo o recebimento de todo o estoque da vacina entre 2024 e 2025.

Neste ano, serão entregues 6,5 milhões de doses, suficientes para vacinar 3,2 milhões de pessoas. Para 2025, há o compromisso de fornecimento de 9 milhões de doses.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, reforça a necessidade de que a vacinação seja ampliada o quanto antes.

“É claro que é importante ter os adolescentes vacinados, mas nós precisamos de muito mais gente imunizada para segurar uma epidemia. Precisamos caminhar para ter mais doses, universalizar a oferta em todos os municípios e aumentar a cobertura vacinal”, opina Kfouri.

Foto colorida mostra aplicação de vacina da dengue - Metrópoles
Vacinação contra a dengue no Distrito Federal

Como aumentar a produção da vacina contra a dengue?

No início deste mês, a farmacêutica Takeda anunciou que firmou uma parceria com a fabricante indiana Biological E para ampliar a produção da vacina. As doses produzidas na Índia serão destinadas a países onde a dengue é endêmica.

Ao Metrópoles a empresa afirmou que também está em busca de parcerias para a fabricação da vacina no Brasil.

“A Takeda Brasil está fortemente comprometida em buscar parcerias com laboratórios públicos nacionais para acelerar a capacidade de produção da vacina, alinhada às diretrizes do Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS) para atender a demanda do SUS sob os princípios de integralidade e da universalidade”, informou a empresa.

Na sexta-feira (8/3), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, prometeu formalizar um acordo entre o laboratório Takeda e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para breve. “Já estamos no caminho. A data não vou divulgar agora para isso ser feito com precisão. Em breve, teremos anúncio e divulgação dos detalhes sobre a produção local (da vacina)”, anunciou a ministra durante entrevista à imprensa.

A ideia inicial é um acordo de transferência de tecnologia entre a Takeda e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) com a produção exclusivamente voltada para o SUS. Nísia acrescentou que o governo estuda uma maneira de escalar laboratórios privados para apoiar a produção.

Durante a pandemia da Covid-19, a atual ministra da Saúde era presidente da Fiocruz e foi uma das responsáveis por costurar um acordo semelhante com a Universidade de Oxford e o laboratório Astrazeneca.

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses 
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias

Joao Paulo Burini/ Getty Images
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos

Joao Paulo Burini/ Getty Images
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes

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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos

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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte

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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue

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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão

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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada

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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas

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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas

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Vacina do Butantan

Uma alternativa para ampliar a oferta de imunizantes é a vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan. O imunizante está na fase 3 do ensaio clínico, e os primeiros resultados da pesquisa com 16 mil participantes já foram publicados no The New England Journal of Medicine, revista científica de referência.

Os resultados mostraram uma eficácia geral de 79,6% após dose única. Para pessoas com histórico de infecção prévia pelo vírus, a resposta imune foi de 89,2%. Para os demais, 73,6%. A aplicação em dose única é considerada ideal para reduzir custos e facilitar a logística de vacinação.

De acordo com o Butantan, a pesquisa seguirá até junho deste ano, quando os voluntários completarão cinco anos de acompanhamento. Os dados de eficácia serão encaminhados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no segundo semestre deste ano, dando início ao processo de solicitação de registro.

Até sexta-feira (8/3), o Brasil havia registrado 1.342.086 casos prováveis da doença, 363 mortes causadas pelo vírus estavam confirmadas e outras 763, em investigação. Desde o Carnaval, memes sobre o Aedes aegypti viralizavam nas redes em uma tentativa bem brasileira de usar o humor para tapear o medo.

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