Dengue em crianças: saiba identificar sintomas da doença nos pequenos
Menina brasiliense de 7 anos morreu de dengue hemorrágica na última quinta-feira (16/11). Saiba identificar casos mais preocupantes
atualizado
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A brasiliense Pietra Isaac, de 7 anos, morreu na última quinta-feira (16/11) ao contrair dengue hemorrágica no DF. Esta forma da doença é uma complicação que atinge as células do sangue impedindo a coagulação e levando a hemorragias internas.
O caso de Pietra acende um alerta: os pais e responsáveis devem estar atentos aos sintomas da dengue entre as crianças. Pode ser especialmente desafiador identificar a infecção viral, principalmente entre os pequenos.
“As crianças são um grupo de risco para a dengue porque a detecção nelas é mais complexa, temos que estar atentos a quadros de agitação e desânimo como sintomas”, alerta a infectologista Maria Isabel de Moraes Pinto, do Exame Medicina Diagnóstica e consultora de vacinas da Rede Dasa. “Além disso, as crianças pequenas filhas de mães que já tiveram a doença podem ter quadros mais graves”, complementa a médica.
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue possui quatro sorotipos diferentes e todos eles podem evoluir para a forma hemorrágica. É mais comum que o quadro grave da doença ocorra em pessoas que já foram infectadas anteriormente.
Riscos para crianças
“Mas casos graves podem ocorrer já na primeira infecção. A partir de uma segunda, porém, o risco de chegar à manifestação hemorrágica da doença vai aumentando. Pior é que frequentemente a primeira infecção de alguém, especialmente entre as crianças, acaba não manifestando sintomas, então nunca podemos garantir quantas vezes já fomos atingidos”, explica o infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Devido à dificuldade de diagnóstico, é fundamental que os pais estejam atentos aos sinais e procurem o serviço médico nas primeiras suspeitas. É importante descrever os sintomas em detalhes para que a equipe possa agir a tempo.
Maiores riscos em 2023
Os cuidados devem ser redobrados este ano, já que o sorotipo 3 da dengue, que não era registrado há 15 anos no Brasil, já foi diagnosticado em três estados do país. O retorno do sorotipo pode levar a um maior número de reinfecções e, por isso, de casos graves.
“Considerando que a dengue do tipo 3 não estava circulando há 15 anos, tem muita gente que está vulnerável já que há pelo menos 15 anos ninguém fica com anticorpos para essa variante no Brasil. Se pensarmos nas crianças, com 15 anos, 11 anos ou menos, nenhuma delas teve exposição a esse tipo de vírus, então todas estão suscetíveis”, diz o infectologista Fellipe Godoy do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, houve um aumento de 30% nos casos de dengue neste ano em relação ao ano passado. Foram registrados, entre janeiro e outubro de 2023, um total de 1,5 milhão de pacientes com a doença. No ano passando inteiro foram 1.393.684 notificações.
Sintomas da dengue em crianças
Em crianças, a dengue pode aparecer com diferentes intensidades, desde casos assintomáticos até formas graves da doença. Para Weissmann, só avaliando os sinais é difícil estabelecer um diagnóstico concreto, mas ele recomenda observar a recorrência de alguns sinais:
- Febre;
- Apatia;
- Sonolência;
- Perda do Apetite;
- Vômitos;
- Diarreia.
Prevenção e tratamento
A principal medida de prevenção disponível é o combate ao mosquito transmissor da doença. Para isso, valem as regras já conhecidas, especialmente a de evitar acúmulo de água parada que permita a reprodução do Aedes aegypti.
O tratamento da infecção é feito para mitigar os sintomas, já que tampouco há um remédio específico que combata o vírus da dengue. A doença costuma desaparecer depois do décimo dia, mas é importante ficar atento a pioras para procurar um serviço de saúde, especialmente nos casos de crianças, já que sua gravidade pode evoluir mais rápido. O tratamento é baseado em:
- Hidratação;
- Uso de medicamentos para controle dos sintomas como a febre e a dor;
- Repouso.
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