Dengue atinge recorde de casos no Brasil, alerta Opas
Entre janeiro e outubro, foram registrados 2,7 milhões de casos no continente latino-americano, sendo 2 milhões em território nacional
atualizado
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Um comunicado divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) revelou que o Brasil vive um surto de dengue sem precedentes, concentrando o maior número de casos da América Latina. De acordo com o documento, entre janeiro e outubro foram registrados mais de 2,7 milhões de casos da doença no continente latino — dois milhões apenas no Brasil. A taxa já é considerada pelo órgão um recorde histórico.
Dos mais de 2,7 milhões de casos de dengue registrados na América Latina, ao menos 22.127 foram considerados como casos graves e 1.206 pacientes morreram. O número total de 2.733.635 casos de dengue até agora em 2019 está 13% acima do registrado em 2015, quando ocorreu a última epidemia dessa doença.
No relatório, a OPAS alertou, também, para alta incidência da doença em países da América Central. É na região que estão concentradas as maiores taxas de incidência, que relacionam o número de casos por 100.000 habitantes. Nicarágua (2.271), Belize (1.021), Honduras (955,5) e El Salvador (375) apresentaram os índices mais preocupantes. O Brasil registrou uma incidência de 711,2 casos a cada 100.000 habitantes.
Dado o aumento dos casos de dengue e dengue grave, a Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), solicitou aos países que intensificassem a vigilância da doença, bem como o controle dos mosquitos que a transmitem. A recomendação, segundo o documento, é que “as medidas de prevenção e controle tenham como objetivo reduzir a densidade do vetor, com a aceitação e colaboração da população local”.
De acordo com a OMS, o aumento da incidência e da gravidade da doença se deu pela urbanização, pelos movimentos rápidos de pessoas e bens, pelas condições climáticas favoráveis e pela falta de pessoal capacitado para controlar o surto. Típica das áreas tropicais e subtropicais, a dengue se concentra principalmente nos países do sudeste da Ásia e do Pacífico Ocidental. Nos últimos anos, contudo, os casos aumentaram rapidamente na América Latina e no Caribe.
De acordo com a OPAS, o vírus da dengue é transmitido pela fêmea do mosquito Aedes aegypti e, em menor proporção, da espécie Aedes albopictus. Esses mosquitos também transmitem chikungunya e zika. A infecção provoca uma doença febril aguda e ocasionalmente se desenvolve em complicações potencialmente letais (dengue grave).
Não existe tratamento específico para a doença, mas a detecção precoce e o acesso a cuidados médicos adequados reduzem as taxas de mortalidade para abaixo de 1%. A prevenção e o controle da dengue dependem de medidas efetivas de controle de vetores.