metropoles.com

Dèjá vu: neurologista alerta que fenômeno nem sempre é inofensivo

Segundo especialistas, a falsa sensação de lembrança é uma falha do circuito cerebral relacionado à memória, percepção e o lobo temporal

atualizado

Compartilhar notícia

Nikada/Getty Images
Pesquisadores com tablet com imagem do cérebro
1 de 1 Pesquisadores com tablet com imagem do cérebro - Foto: Nikada/Getty Images

Quem nunca sentiu, diante de uma situação completamente nova, já ter vivido algo parecido antes? Trata-se de um sentimento que recebe o nome de déjà vu, e significa “já visto”, em português. Segundo especialistas, o evento é uma ilusão que ocorre quando o sujeito experimenta sensações de familiaridade em um cenário novo e desconhecido, e se recorda de um acontecimento que não viveu.

Embora a expressão tenha surgido no século 18, atualmente já é possível observar e estudar o fenômeno através da neurologia e atribuir as suas causas a questões neurológicas, especificamente a distúrbios nas funções cognitivas relacionadas à memória e atenção. Todavia, esse tema ainda é um desafio para a ciência.

Estudos mostram que a falsa sensação de lembrança é uma falha do circuito cerebral relacionado à memória, percepção e o lobo temporal. Indivíduos que não são familiarizados com a situação chegam a confundi-la com alucinações e estados fora da realidade. De acordo com o neurocientista e diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito, Fabiano de Abreu, o déjà vu é considerado um fenômeno sem causas patogênicas nem manifestações físicas e ocorre de maneira rápida e espontânea. Entretanto, quando ocorre com frequência, deve ser investigado por um especialista.

“Para que o déjà vu seja considerado de ordem patológica, é necessário que ele aconteça com certa frequência e tenha um maior tempo de duração. Caso seja recorrente, é importante investigar se essas sensações não estão sinalizando algo mais grave”, alerta Abreu.  

O neurocientista explica que existem patologias associadas à ocorrência: as principais são a epilepsia e doenças psiquiátricas. Geralmente, as enfermidades surgem quando há uma alteração das atividades do cérebro, causando curto-circuito nos disparos elétricos das células nervosas, que provoca uma perturbação sem sincronia nos pensamentos e comportamentos. Embora pesquisadores estudem o dèjá vu, a ciência ainda não conseguiu encontrar todas as respostas que expliquem suas origens.

“Não há dados conclusivos sobre suas causas e suas conexões com distúrbios neurológicos, como a epilepsia e esquizofrenia, nem sua relação com questões psiquiátricas, como a ansiedade e depressão. Para afirmar que o déjà vu ocorreu, é levada em consideração a subjetividade do indivíduo e seu entendimento sobre os próprios processos cognitivos”, esclarece. 

Tipos de dèjá vu

O neuropsiquiatra Vernon M. Neppe, propôs, no livro “The Psychology of Déjà Vu”, de 1983, que existem quatro tipos de déjà vu:

  • Déjà vécu: sensação de já ter visto ou vivido algo, geralmente são sentimentos detalhados e com maior duração do que o dèjá vu comum. São intensos e a memória é persistente;
  • Déjà senti: esse fenômeno especifica algo “já sentido”, mas sem o mesmo sentido do déjà vécu. O déjà senti é exclusivo para um acontecimento mental, sem aspectos pré-cognitivos, e raramente permanece na memória da pessoa logo depois;
  • Déjà visité: está relacionado a um lugar novo, a pessoa conhece absolutamente tudo sobre o lugar, sem nunca ter pisado nele;
  • Jamais-vu: nomeia a sensação de medo e insegurança, isto é, sabermos que estamos na situação pela primeira vez, mas com um sentimento ruim como se já tivéssemos passado por ela antes.

O que fazer depois que acontecer um déjà vu?

Especialistas orientam que, após acontecer o déjà vu, o melhor a se fazer é respirar, fechar os olhos e tentar trazer na memória o por que daquela sensação ter vindo à tona e o que possivelmente levou ao sentimento. Todavia, se as sensações forem recorrentes, o ideal é buscar um especialista para identificar possíveis disfunções cerebrais.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?