De XQ a BA.2: subvariantes da Ômicron podem causar nova onda de Covid?
Sublinhagens da Ômicron têm surgido nas últimas semanas, mas Brasil ainda não documentou alta de casos suficiente para ligar alerta vermelho
atualizado
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Nas últimas semanas, a comunidade científica tem descoberto várias sublinhagens que surgiram a partir da variante Ômicron do coronavírus. Você deve ter escutado o nome de algumas delas: BA.1, BA.2, BA.2.1, BA.4, BA.5, XE, XQ… Mas será que, como a Ômicron, Delta, Gama, Beta e Alfa, as novas variantes podem ser responsáveis por uma nova onda de casos da Covid-19?
O virologista Bergmann Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB), conta que todas as subvariantes têm vantagens evolutivas em relação à cepa original, e conseguem se disseminar melhor do que a inicial. “A BA.2, por exemplo, tem um aumentou a transmissibilidade em 30% quando comparada à BA.1. A BA.2.1 é 25% mais transmissível do que a BA.2. E as novas, BA.4 e BA.5 parecem ser 10 vezes mais eficazes na transmissão. A tendência é que os vírus evoluam, se adaptem ao hospedeiro e aumentem a capacidade de contágio”, explica o professor.
Ainda assim, é bastante provável que as três doses da vacina contra a Covid-19 sejam eficazes contra as novas subvariantes da Ômicron. O esquema completo tem mais de 80% de efetividade contra as cepas BA.1 e BA.2, por exemplo.
Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa em Saúde da África, na África do Sul, mostra que pessoas vacinadas que tiveram a BA.1 (Ômicron original) têm proteção contra a BA.4 e a BA.5 até cinco vezes maior do que os que não tomaram o imunizante e foram infectados.
“Acredito que para ter um escape da vacina mesmo, o vírus precisa adquirir outras mutações, não a partir da Ômicron”, diz Ribeiro. Com as informações disponíveis até o momento, o especialista avalia que as subvariantes não tenham potencial para desencadear mais uma onda de Covid-19 no Brasil. “Como uma grande quantidade de pessoas está vacinada, a população está protegida de uma forma ou de outra. Porém, uma nova variante, completamente diferente, com outras mutações, ainda pode surgir e ser mais preocupante do que essas subvariantes”, afirma Ribeiro.
Os cientistas responsáveis pelo levantamento realizado na África do Sul escrevem, no Twitter, que o escape das vacinas não é tão dramático e pode até ser suficiente para mais uma onda, mas “não é provável que cause doença muito mais grave do que a onda anterior, especialmente em vacinados”.
Quando uma variante começa a preocupar?
O professor da UnB ensina que as variantes de interesse são detectadas a partir do sequenciamento genético — são aquelas que apresentam mutações já conhecidas de outras cepas de preocupação e que estão envolvidas no escape de anticorpos, na dificuldade de diagnóstico ou na transmissibilidade.
As variantes só se tornam preocupantes quando são responsáveis por um aumento acentuado de novos casos e geram aumento nas hospitalizações ou óbitos. “O critério da OMS é que a variante tenha evidências de aumento na transmissibilidade, internações ou óbitos. Significa que nossos anticorpos têm defesa diminuída contra essa nova variante, mesmo sendo vacinado, e a efetividade dos tratamentos também diminui”, explica Ribeiro.
É a OMS que define quais são as variantes de preocupação, e se convencionou que todas elas são nomeadas com letras gregas: Alfa, Beta, Gama, Delta e Ômicron são algumas das cepas do coronavírus que receberam esta distinção.
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