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De Mandetta a Teich: o que mudou no enfrentamento ao coronavírus

A prioridade do novo ministro da Saúde é flexibilizar as medidas de isolamento social a partir da realidade de cada região do país

atualizado

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Nelson Teich
1 de 1 Nelson Teich - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Empossado há 11 dias, o ministro da Saúde Nelson Teich assumiu a pasta com uma difícil missão: substituir o popular ministro Luiz Henrique Mandetta e guiar as políticas de saúde do Brasil para lidar com a epidemia do coronavírus. Enquanto seu antecessor saiu do governo por não concordar com a visão do presidente Jair Bolsonaro, Teich chegou afirmando que procurará meios de flexibilizar o isolamento social, como pede o chefe do Executivo.

Mas, por enquanto, pouca coisa mudou nas políticas de combate ao coronavírus — Wanderson de Oliveira, secretário de vigilância em saúde tido como um dos principais articuladores da estratégia do Ministério da Saúde para lutar contra a doença, permanece no cargo e ainda não foi substituído.

O novo ministro pretende que, daqui para a frente, exista uma reflexão maior em cima dos números divulgados diariamente pela pasta e afirma que vai tomar decisões a curto prazo, definidas por informações sobre a pandemia. Para ele, previsões para o futuro estão, em grande parte das vezes, erradas, e o mais seguro é focar no que se pode ter certeza e agir a partir daí.

Enquanto Mandetta mantinha relação próxima com os secretários de Saúde estaduais e municipais (via Conass e Conasems) e afirmava que os conselhos representavam uma das pernas que mantinham em pé o sistema de saúde brasileiro, Teich ainda não recebeu os representantes das entidades para conversar e os dois presidentes foram barrados da posse do novo ministro. O encontro deve acontecer nesta semana.

O novo secretário-executivo da pasta, o general Eduardo Pazuello, reconheceu, em entrevista coletiva na tarde desta segunda (27/04), que o trabalho da nova equipe é “mais fácil” do que aquele executado pelo time de Mandetta desde o começo da epidemia no Brasil. “O trabalho efetuado até agora foi excepcional, quanta coisa já foi feita. O planejamento está pronto, agora temos que decidir a conduta em cima do que descobrirmos de novo, vamos ajustar a direção”, afirmou o secretário-executivo.

Plano de saída
A principal diferença, até agora, entre os dois ministros é o foco em terminar o isolamento social em locais onde a epidemia de coronavírus está controlada. Nas entrevistas que deu até agora, Teich avisou que não serão tomadas “medidas intempestivas” para acabar com o distanciamento social, e prometeu, para esta semana, a publicação de diretrizes para orientar estados e municípios que estão em condições de sair do isolamento. A gestão Mandetta estava desenvolvendo uma calculadora para ajudar prefeitos e governadores neste cálculo e a ferramenta está sendo aprimorada pela nova equipe.

No último boletim epidemiológico, publicado pelo Ministério da Saúde nesta segunda fase, a pasta afirma que devem ser tomadas medidas proporcionais e restritas aos riscos de cada município.

“Essas medidas não devem ser inflexíveis, mas como uma ‘mola’, elas podem exigir compressão (medidas restritivas) ou extensão (medidas de abertura). (…) A resposta a uma epidemia não ocorre de modo linear. Começa mais sensível e se torna mais específica ao longo do tempo. No entanto, estamos construindo uma nova história na saúde pública”, diz o documento.

Em todas as coletivas de imprensa e entrevistas que deu até agora, este foi o principal foco de Teich: permitir a mobilidade social e a retomada das atividades em locais onde a epidemia ainda não chegou.

Testagem
O ministro Teich chegou ao cargo também afirmando a necessidade de se fazer uma testagem em massa para definir a real situação do coronavírus no país, mas parece ter descoberto algumas dificuldades quanto à logística de tantos exames em uma população de mais de 200 milhões de habitantes.

A solução foi chamar o IBGE para criar uma amostragem que dê uma dimensão melhor de quantas pessoas já possuem imunidade à doença no país — a parceria foi anunciada nesta segunda, mas o chefe da pasta não deu maiores detalhes sobre como vai funcionar o novo esquema.

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