Danos às fibras nervosas explicam casos de Covid longa, diz estudo
Pesquisa realizada nos Estados Unidos sugere que sintomas derivam de problemas causados pela Covid em estruturas nervosas do corpo
atualizado
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Um estudo estadunidense, publicado nessa terça-feira (1º/3) na revista científica Neurology: Neuroimunology & Neuroinflammation, mostra que mais da metade dos casos de Covid longa podem estar relacionados a uma resposta imune defeituosa do organismo na hora de tentar combater o coronavírus.
A Covid longa é geralmente caracterizada por sintomas como fadiga intensa e inexplicável, falta de ar, dificuldade cognitiva, dores musculares e batimentos cardíacos acelerados. Os sintomas surgem em até três meses após a infecção e persistem.
“Achamos que o que está acontecendo aqui é que os nervos que controlam coisas como nossa respiração, vasos sanguíneos e nossa digestão, em alguns casos, estão danificados nesses pacientes com Covid longa”, explicou a neurologista do Hospital Geral de Massachusetts, Anne Louise Oaklander, principal autora do estudo.
Os pesquisadores analisaram dados de 17 pacientes diagnosticados com Covid-19 entre fevereiro de 2020 e janeiro de 2021 – 16 deles apresentaram apenas quadro leve e um, grave. Todos apresentavam sintomas relativos à Covid longa, sem histórico prévio de neuropatia periférica (danos nos nervos).
Os exames mostraram que 59% dos participantes sofreram neuropatia. A grande maioria apresentou neuropatia de pequenas fibras, que são danos nas fibras nervosas que detectam sensações e regulam funções corporais involuntárias, como o sistema cardiovascular e a respiração.
“Várias evidências sugeriram a desregulação imune desencadeada por infecção como um mecanismo comum”, escreveram os autores do estudo.
Onze dos 17 pacientes foram tratados com imunoterapias de esteroides e/ou imunoglobulinas, tratamento padrão para pacientes com pequenos danos nas fibras nervosas causados por uma resposta imune. Cerca de metade (52%) apresentou melhora, mas nenhum foi completamente curado. (Com informações da agência Reuters)