Dados associam origem da pandemia a cães-guaxinins no mercado de Wuhan
Nova análise feita na China mostrou a presença do coronavírus em amostras compatíveis com cães-guaxinins vendidos no mercado chinês em 2020
atualizado
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Cientistas internacionais especialistas em vírus afirmaram, nessa quinta-feira (16/3), ter encontrado evidências de que a pandemia de Covid-19 teria começado a partir de cães-guaxinins. Os animais infectados estariam à venda no mercado de frutos do mar de Huanan, em Wuhan, cidade chinesa onde os primeiros casos da doença foram registrados em humanos.
Dados de amostras genéticas do mercado foram inseridos na plataforma internacional Gisaid por pesquisadores do Centro de Controle de Doenças da China e removidas logo em seguida, após autoridades chinesas serem questionadas sobre a demora em divulgar as informações.
O material foi colhido dentro e ao redor do mercado em janeiro de 2020, logo depois que as autoridades fecharam o local. A equipe responsável pela investigação coletou as amostras de gaiolas usadas para transportar animais, pisos e paredes. As amostras positivas para o coronavírus eram compatíveis com o material genético do cão-guaxinim.
Os dados não comprovam, no entanto, se o cão-guaxinim foi realmente infectado, se foi o responsável por passar o vírus para humanos, se outro animal começou a cadeia de transmissão ou ainda se o mamífero foi infectado previamente por pessoas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem sido cautelosa ao tratar das novas descobertas. Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (17/3), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que os dados não fornecem uma resposta definitiva para a questão de como a pandemia começou.
Até o momento, os resultados da pesquisa do CDC chinês não foram apresentados diretamente à OMS. Os pesquisadores da organização tiveram acesso apenas aos dados divulgados brevemente.
“No domingo passado, a OMS tomou conhecimento dos dados publicados no Gisaid. Enquanto estava online, cientistas de vários países baixaram e analisaram as informações. Assim que tomamos conhecimento desses dados, contatamos o CDC chinês e os instamos a compartilhá-los com a OMS e a comunidade científica internacional para que possam ser analisados”, contou o líder da OMS.
Ghebreyesus criticou a China por não compartilhar as informações genéticas anteriormente e pediu mais transparência. “Esses dados poderiam e deveriam ter sido compartilhados três anos atrás”, enfatizou.
Estudos anteriores já mostraram que os cães-guaxinins são suscetíveis à infecção pelo Sars-Cov-2. Para a diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, os novos achados fornecem pistas para ajudar a entender o que pode ter acontecido, mas não confirmam a origem da pandemia.
“Essa análise mais detalhada realmente mergulha mais profundamente nas informações disponíveis e nos metadados associados a essas sequências. Os resultados que nos foram apresentados por pesquisadores internacionais que baixaram esses dados é de que há evidências moleculares de que animais foram vendidos no mercado de Wuhan, e isso é uma nova informação. E em segundo lugar, os animais cujo DNA foi identificado incluem vários animais diferentes, como esses cães-guaxinins”, afirma Maria.
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