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TOC: mulher que lavava mãos até sangrar é curada com chip no cérebro

Implante cerebral normalizou os impulsos elétricos do cérebro de jovem e diminuiu as graves crises de TOC e de epilepsia que americana tinha

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Divulgação/OHSU/Christine Torres Hicks
Foto mostra Amber Pearson, paciente de neurocirurgia que a curou do TOC e da epilepsia
1 de 1 Foto mostra Amber Pearson, paciente de neurocirurgia que a curou do TOC e da epilepsia - Foto: Divulgação/OHSU/Christine Torres Hicks

Após anos sofrendo com convulsões e um quadro sério de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a americana Amber Pearson, 34 anos, finalmente consegue ter uma vida normal depois de passar por uma cirurgia que implantou um chip em seu cérebro.

O dispositivo, do tamanho de um band-aid, conseguiu parar as convulsões e o comportamento obsessivo simultâneamente, e Amber foi a primeira paciente com sucesso no tratamento. Até então, o funcionamento do aparelho contra o TOC era apenas uma teoria.

Foto mostra Amber Pearson, paciente de neurocirurgia que a curou do TOC e da epilepsia ao lado do médico dela, o neurocirurgião Ahmed Raslan
O neurocirurgião Ahmed Raslan liderou a equipe que colocou o chip no cérebro de Amber

TOC extremo

Em entrevista ao site da Oregon Health & Science University, nos Estados Unidos, Amber explica que, graças ao chip, suas convulsões estão mais controladas e o alívio do TOC foi quase completo. “A epilepsia trazia limitações para a minha vida, mas o TOC me controlou por anos e agora eu me despeço dele”, comemora.

Amber tinha compulsão por lavar as mãos e perdia a noção do tempo de tanto sabonete que passava nelas. “Antes do tratamento, eu ficava com as mãos tão secas por lavá-las repetidamente que se eu as fechasse, minha pele se abria ao redor dos nós dos dedos e ficava sangrando”, lembra.

Além da obsessão com a limpeza das mãos, a jovem também tinha vários outras dificuldades por causa do TOC. Antes de ir dormir, ela gastava até 45 minutos revisando janelas, portas e equipamentos eletrônicos, e só comia sozinha para não contaminar seus alimentos.

 

O implante

No estudo de caso publicado na revista Neuron em 20 de outubro, os neurocientistas descreveram como criaram um sistema de estimulação elétrica duplo no cérebro da jovem.

Liderados pelo neurocirurgião Ahmed Raslan, professor da Faculdade de Medicina da OHSU, os cientistas inventaram um chip que atua em duas áreas distintas do cérebro. O sistema de neuroestimulação responsivo é colocado cirurgicamente dentro do crânio e monitora continuamente a atividade cerebral.

Ilustração mostra como o neurochip atua no cérebro para impedir as crises de TOC ou de epilepsia
O chip atua criando impulsos elétricos que podem interromper os desequilibrios energéticos do cérebro antes que eles comecem

O dispositivo libera impulsos elétricos assim que são identificados os gatilhos químicos das convulsões (geralmente em ambientes muito ruidosos) e o início do comportamento obsessivo.

O implante de Amber foi instalado em março de 2019, e a paciente foi acompanhada até a publicação oficial dos resultados do estudo, em outubro de 2023.

Função dupla foi pedido da paciente

Amber passou pela cirurgia padrão para tratar convulsões resistentes a medicamentos em 2018 — no procedimento, uma pequena porção do cérebro foi retirada por ser a principal fonte de suas convulsões.

Porém, outra área do cérebro dela, relacionada à percepção de sons, continuou causando o problema. Por isso, os médicos decidiram pela instalação do chip.

A implementação do dispositivo para controlar o TOC foi feita de forma experimental a pedido da paciente, já que o tratamento inicialmente tinha o objetivo de combater apenas a epilepsia.

Durante as avaliações para o procedimento, Amber leu teorias acadêmicas que sugeriam a melhora dos sintomas com o uso de impulsos elétricos. A jovem entrou em contrato com os responsáveis pelo seu caso, e pediu que o chip tivesse dupla função.

Quatro anos depois, o resultado da cirurgia mudou a vida de Amber. “Agora, raramente me preocupo com o que acontece na minha casa enquanto estou fora. Tenho cada vez menos obsessões e compulsões. Sem o TOC, pude estabelecer relações mais saudáveis ​​com as pessoas em minha vida”, comemora.

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