“Foi um choque”, diz crossfiteira de 28 anos que teve câncer de mama
Mesmo sem nenhuma mutação que aumenta o risco de desenvolvimento do câncer de mama, jovem acabou desenvolvendo a doença aos 27
atualizado
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A crossfiteira Jéssica Souza, de 28 anos, achava que estava acostumada a desafios. Há anos, ela caminha fazendo parada de mãos, carrega pneus e faz dezenas de repetições de abdominais como parte de sua rotina. Entretanto, em 2023 ela enfrentou uma nova e inesperada provação: o câncer de mama, mesmo sendo tão jovem.
A influenciadora afirma que não deu a atenção devida ao primeiro sintoma do tumor. “No início de 2023, comecei a emagrecer muito sem motivo aparente e não procurei um médico”, lembra. A perda de peso começou a ocorrer mesmo sem mudança nos hábitos alimentares.
O emagrecimento sem motivo e a perda de apetite são sintomas comuns de diversos tipos de câncer, incluindo o de mama. Por isso, médicos ouvidos pelo Metrópoles recomendam que o sintoma sempre seja investigado.
O mastologista Evandro Falacci, da Oncoclínicas, ressalta a importância do check-up periódico de saúde e de buscar orientação sempre que notar mudança no funcionamento do organismo. “O diagnóstico precoce é o que muda o curso da doença, podendo fazer com que as chances de cura alcancem de 90 a 95%. Todas as evoluções que vieram nos tratamentos, sejam cirúrgicos, quimioterápicos ou radioterápicos, estão completamente relacionados e ligados ao momento em que se descobre o câncer de mama. Quanto mais cedo, melhor”, enfatiza.
Jéssica, porém, só buscou atendimento meses depois, quando notou um nódulo grande na mama e os linfonodos da axila bem inchados e doloridos. Mesmo sendo tão jovem e sem predisposição genética que aumentasse seu risco de desenvolvimento de tumores, a jovem acabou descobrindo em outubro de 2023 que estava com câncer de mama.
“Foi um choque para mim. Eu nem sabia que era possível ter câncer de mama tão jovem. Ainda mais eu, que era super ativa, praticava atividade física todos os dias, me alimentava super bem, não bebia e nem fumava, levava um estilo de vida super saudável e não tinha nenhum caso de câncer na família”, lembra.
O baque do diagnóstico levou a crossfiteira a um período de forte negação e luto. Jéssica teve uma perda mais acentuada do apetite, movida também pela ansiedade, e começou a ter problemas para dormir. “Nos dois meses entre o diagnóstico e a data da primeira sessão de quimioterapia, chorei muito. Comecei a buscar conteúdos de pessoas que estivessem no mesmo momento que eu e tive dificuldade de encontrar, por isso resolvi compartilhar e expor todos os passos do tratamento na internet”, conta ela.
A jovem já era conhecida nas redes por compartilhar seu desempenho no crossfit e decidiu usar o mesmo espaço para mostrar como estava avançando no tratamento.
Isso não quer dizer, porém, que Jéssica parou de treinar. Ela adaptou sua rotina de exercícios para continuar se movimentando mesmo nas etapas mais duras da luta contra o câncer.
“No início, tive que parar por causa dos efeitos colaterais da quimioterapia. Mas decidi começar a fazer musculação, que era algo que nunca tinha feito, e ao mesmo tempo isso acabou sendo uma forma de escape, de focar na minha saúde com um propósito diferente, e também de esfriar a cabeça e tirar o foco um pouco do tratamento”, lembra.
Jéssica diz que os treinos antes do tratamento trouxeram a ela a sensação de que seu corpo estava mais preparado para passar por essa fase. Ainda assim, o processo foi bastante desafiador: foram 16 sessões de quimioterapia e 15 de radioterapia aliadas a duas cirurgias para retirar os nódulos da mama.
Atualmente em remissão (sem tumores no corpo), Jéssica faz quimioterapia oral preventiva e deve parar com os remédios a partir de fevereiro. “Entendi que não há muita explicação sobre por que isso aconteceu comigo: o câncer de mama pode acontecer com qualquer pessoa e qualquer idade, tendo histórico na família ou não, e, se ele chega, o que nos resta é lutar contra”, conclui.
A prevenção do câncer de mama
O Ministério da Saúde recomenda que as mulheres fiquem atentas ao aparecimento de nódulos palpáveis no seio para a prevenção do câncer de mama. No caso de jovens, é preciso procurar o médico sempre que os sinais durarem mais de um ciclo menstrual. Já as mulheres acima dos 50 anos devem fazer mamografias a cada dois anos até que completem 70. Nos Estados Unidos, a recomendação é começar o rastreio já aos 40 anos.
Mulheres jovens como Jéssica raramente desenvolvem câncer de mama e os casos costumam estar associados a mutações genéticas que favorecem a formação de tumores. A descoberta dessas alterações no DNA, porém, não significa que o câncer existe — a informação deve ser avaliada com orientação constante para a redução de riscos.
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