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Crioablação: procedimento pode mesmo tratar câncer sem cirurgia?

Técnica que promete retirar tumores da mama sem cortes é experimental e, enquanto não estiver consolidada, não substitui tratamento padrão

atualizado

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câncer de mama
1 de 1 câncer de mama - Foto: IStock

Um vídeo que circula nas redes sociais sobre uma nova técnica capaz de tratar câncer de mama sem necessidade de cirurgia criou alvoroço entre pacientes e preocupação na comunidade médica. Isso porque a crioablação (resfriamento extremo e rápido de uma região tecidual) ainda é uma técnica experimental, que não tem resultados comprovados cientificamente e, por isso, não está entre as opções padronizadas de tratamento para a enfermidade.

No vídeo que viralizou, o método é apresentada como um “sistema revolucionário”, que dispensaria a mastectomia e a quimioterapia para eliminar tumores de mama. A técnica consiste na colocação de uma agulha dentro do nódulo, guiado por um ultrassom. A agulha, resfriada, provoca o congelamento do tumor e de parte do tecido ao redor dele, formando uma espécie de cápsula que envolve o nódulo, que impediria o crescimento e que ele afetasse os tecidos próximos.

O alcance do vídeo levou o Ministério da Saúde a fazer um comunicado alertando que, apesar de promissor, o método ainda não pode ser um procedimento recomendado como padrão. De acordo com o órgão, quando utilizada no tratamento de lesões benignas, a crioablação apresentou sucesso, porém para o tratamento do câncer de mama “ainda não existe nada estabelecido”.

A oncologista Marina Sahade, do Hospital Sírio Libanês, acrescenta que as informações científicas disponíveis não permitem afirmar que a crioablação é superior aos métodos convencionais de cirurgia para retirada do tumor e tratamento com quimioterapia e/ou radioterapia. “Significa que não há comprovação científica de que é seguro para a paciente abandonar uma alternativa de  tratamento convencional para seguir um tratamento ainda experimental”, explica a oncologista Marina Sahade, do Hospital Sírio Libanês. A médica reforça que os pacientes devem buscar informações nas entidades médicas antes de se submeterem a procedimentos pouco conhecidos.

Outra nota, divulgada pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), vai no mesmo sentido. O texto explica que a crioablação faz parte de uma série de tratamentos minimamente invasivos para o câncer de mama como, por exemplo, a radiofrequência, laser, microondas e ultrassonografia de alta frequência e intensidade. A SBM também reforça a necessidade de estudos mais recentes para provar se, de fato, a crioablação seria mais eficaz que as outras formas de tratar a doença.

A sociedade médica frisa que o procedimento é indicado apenas para “mulheres com tumores pequenos (preferencialmente menores que 1cm), únicos, e sem metástases em linfonodos axilares”. Para a maioria dos casos a crioablação não tem indicação, sendo necessários os tratamentos mais conhecidos, como cirurgias conservadoras, mastectomias com reconstrução, quimioterapia e outros tratamentos. “De forma alguma, ao contrário do que diz o vídeo, este método substitui as indicações de mastectomia, quimioterapia, hormonioterapia ou terapia alvo-especifica”, reforça a SBM.

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