Crianças estão cada vez mais resistentes a antibióticos, diz estudo
Segundo um estudo australiano, menos da metade dos antibióticos usados em crianças são eficazes
atualizado
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Quando causadas por bactérias, doenças comuns na infância como infecções de ouvido e peneumonias geralmente são tratadas com antibióticos. Mas segundo um estudo australiano liderado pela Universidade de Sydney, menos da metade desses medicamentos são eficazes.
Na Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antibióticos (de 18 a 24 de novembro), a crescente resistência das bactérias a esses medicamentos em crianças volta ao centro das atenções. E uma coisa é certa: precisamos de antibióticos novos e mais eficazes.
Dados da OMS são preocupantes
De acordo com números de 2021 divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pneumonia bacteriana e infecções da corrente sanguínea estão entre as principais causas de mortalidade em crianças abaixo de cinco anos. Aproximadamente 30% dos recém-nascidos com infecção no sangue morrem devido à resistência a vários antibióticos de primeira linha.
Em todo mundo, o acesso inadequado aos antibióticos mata cerca de seis milhões de pessoas anualmente, incluindo um milhão de crianças que morrem de infecção generalizada (sepse ou septisemia) e pneumonia evitáveis.
Outro problema é a falsificação, que contribui para o aumento da resistência microbiana, assim como os produtos de baixa qualidade, pois não cumprem as funções esperadas de um medicamento. Segundo a OMS, entre 72 mil e 169 mil crianças morrem anualmente de pneumonia devido a antibióticos falsificados.
Antibióticos nem sempre são necessários
Apesar de os antibióticos serem um forte aliado, é importante atentar para a escolha correta do medicamento e também para sua dosagem. Esse controle nem sempre é possível no caso de xaropes antibióticos, mais comumente receitados a bebês e crianças do que os comprimidos. Afinal, convencer uma criança pequena a tomar uma colher de xarope é bem mais fácil do que fazê-la engolir um comprimido.
Nos casos de infecção bacteriana grave, como uma infecção estreptocócica, uma infecção do trato urinário ou uma infecção do trato respiratório, os antibióticos consistem no tratamento mais adequado, inibindo o crescimento e a reprodução das bactérias e as matando. Sua atuação costuma ser rápida e os efeitos começam a aparecer geralmente entre 24 e 48 horas.
Uma infecção muito comum entre bebês e crianças é a otite média aguda, que provoca inchaço das membranas mucosas do ouvido, sobretudo numa passagem de ligação ainda muito fina e curta nos primeiros anos de vida, que vai da Trompa de Eustáquio à garganta. Isso obstrui o fluxo de secreções e pressiona o tímpano, provocando a dor de ouvido. Os antibióticos conseguem aliviar os sintomas de forma relativamente rápida.
Quais são as alternativas aos antibióticos?
Do ponto de vista dos especialistas, não existem alternativas confiáveis. Para algumas doenças infecciosas, contudo, ervas com propriedades antimicrobianas são capazes de ajudar. No caso de infecções do trato respiratório, por exemplo, soluções salinas podem aliviar os sintomas.
Mas muitas vezes os antibióticos ainda são o recurso mais confiável. Um exemplo é a sepse, que deve ser tratada imediatamente. Caso isso não aconteça, na pior das hipóteses existe o risco de choque séptico com falência de órgãos, que pode levar inclusive à morte.
A sepse pode ocorrer quando uma ferida externa infecciona. Se os agentes infecciosos entrarem na corrente sanguínea ou no sistema linfático a partir daí, a infecção corre o risco de se espalhar por todo o corpo, levando a uma rápida piora do quadro de saúde. Tais casos, no entanto, são bastante raros.
A importância de um bom diagnóstico
Nem todos sabem que antibióticos só são eficazes contra infecções bacterianas e não servem para combater uma infecção viral. É por isso que o primeiro passo do tratamento deve ser um diagnóstico correto.
O problema é particularmente dramático no Sudeste Asiático e no Pacífico. Na Indonésia e nas Filipinas, por exemplo, milhares de crianças morrem todos os anos porque não dispõem de todos os antibióticos disponíveis na Europa ou porque os antibióticos a que têm acesso se tornaram ineficazes.
Isso só reforça a importância do diagnóstico correto: a identificação do patógeno é fundamental, e deve ser acompanhada de testes de sensibilidade ao medicamento escolhido. Por fim, a dose prescrita deve ter o menor espectro possível.
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