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Crianças e Ômicron: entenda por que cepa contamina mais pacientes

Nas últimas semanas, número de pacientes pediátricos internados por conta da infecção pela variante aumentou e pressionou o sistema de saúde

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1 de 1 ilustração de pessoas recortadas de papel, colorida - Foto: GettyImages

Desde as primeiras ondas da Covid-19, as crianças parecem ser poupadas de quadros graves da infecção pelo coronavírus. As cepas iniciais eram responsáveis por quadros assintomáticos na maioria das vezes — no começo da pandemia, se alertava inclusive para a possibilidade de que indivíduos do grupo sem sintomas transmitissem o vírus para idosos –, mas, com a identificação da variante Ômicron, o cenário mudou.

Mesmo causando quadros menos graves, a Ômicron é mais transmissível do que as cepas anteriores e, por isso, vem provocando um aumento de casos em todas as faixas etárias. Depois que as restrições de circulação foram retiradas, todos os públicos voltaram a se encontrar e as escolas reabriram, o que possibilitou que o vírus chegasse às crianças.

No Brasil, assim como em outros países, a população pediátrica se tornou presença constante nos hospitais. Com a maioria dos adultos já vacinados, são poucos os casos de evolução grave da doença entre essa população — em contrapartida, nas crianças, que ainda não foram imunizadas, uma quantidade maior de casos leva a uma proporção maior de internações, pois muitos não têm qualquer defesa contra a infecção.

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos
A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco
Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil
Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações
De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos
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A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnaty

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos

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A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco

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Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil

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Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações

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De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos

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Contudo, desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a Anvisa vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de apoiadores do presidente e de grupos antivacina

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Para discutir imunização infantil, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a vacinação pediátrica teria início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatória

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Inicialmente, a intenção do governo era exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar

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De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de oito semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável

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Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacina

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Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi grave

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Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças

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Nos Estados Unidos, a imunização infantil teve início em 3 de novembro. Até o momento, mais de 5 milhões de crianças já receberam a vacina contra Covid-19. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros

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A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses do imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anos

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“A maioria das crianças tem quadro leve, mas há casos que precisam de intubação, de UTI. A letalidade ainda é pequena. O problema é que em um universo grande de diagnósticos, mesmo uma porcentagem pequena se torna significativa”, detalha o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O infectologista pediátrico Bruno Oliveira, coordenador de infectologia da Sociedade de Pediatria do DF, explica que, além da Ômicron, houve ainda um aumento de casos de outras duas síndromes respiratórias, a influenza e o vírus sincicial respiratório.

“No último mês, percebemos um aumento muito importante nas internações pediátricas por coronavírus, todos os hospitais pediátricos do DF estão bastante ocupados com essas crianças. Tivemos a coincidência dos três vírus ao mesmo tempo”, conta o especialista.

Existe uma preocupação latente sobre a capacidade da rede de saúde de absorver os novos casos. “A infraestrutura de atendimento para crianças graves é muito limitado, assim como a quantidade de profissionais de saúde para esse segmento da população”, completa o infectologista José David Urbaez, presidente da Sociedade de Infectologia do DF.

A Ômicron age diferente em crianças?

A variante Ômicron é bastante diferente das cepas anteriores do coronavírus, e apresenta mais que o dobro de mutações presentes na Delta, que foi a versão dominante do vírus até o final de 2021. A comunidade científica ainda tenta entender exatamente como as características da cepa interferem nos sintomas, inclusive em crianças.

Alguns levantamentos já mostraram que a Ômicron tem ação maior no trato respiratório superior e não chega a impactar os pulmões: por isso, não leva a quadros tão graves da Covid-19. Por ter vias aéreas menores, as crianças estariam expostas a irritações e infecções na região. A tosse pesada, que parece um latido, e que tem afetado os pacientes infantis pode ser um exemplo de como a Ômicron se desenvolve.

Porém, essa característica não é suficiente para aumentar as internações. Para Kfouri, infecções das vias aéreas costumam ser mais leves e facilmente resolvíveis. Os médicos contam que, com o que se sabe até agora, não é possível definir se a variante se comporta de forma muito diferente em crianças.

“Não há essa caracterização de comportamento. A apresentação das crianças sintomáticas será, fundamentalmente, uma síndrome gripal, sem grandes diferenças clínicas”, conta Urbaez.

O infectologista Oliveira lembra que os principais sintomas da Covid-19 em crianças se assemelham aos de uma gripe comum: coriza, nariz entupido, febre, dor de garganta, dor no corpo, tosse, espirros, diarreia e vômitos.

E a Covid longa?

Nas ondas anteriores da Covid-19, poucas crianças foram infectadas e, por isso, não há muitas informações sobre a Covid longa neste público — a condição é caracterizada por sintomas da doença que vão muito além dos dias da infecção.

A maioria dos estudos foi realizada em países mais ricos, onde a população é mais velha, e poucas crianças foram infectadas — por isso, não há muitas informações sobre a condição neste público. A dificuldade em conseguir crianças com autorização dos pais com menos de 11 anos para participarem de pesquisas clínicas também é indicada como um obstáculo pela comunidade científica.

Porém, até o momento, os hospitais internacionais não têm notado uma alta na quantidade de pacientes pediátricos precisando de atendimento pós-infecção. Será necessário esperar mais meses depois da onda de casos para avaliar a situação.

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