Crescimento da variante Delta reforça necessidade de 2ª dose da vacina
Surgimento de novos casos provocados pela cepa mais contagiosa do coronavírus e registro de transmissão comunitária preocupam especialistas
atualizado
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A confirmação de transmissão comunitária da variante Delta do coronavírus em São Paulo e no Rio de Janeiro e a divulgação de casos registrados no Distrito Federal nesta quarta-feira (21/7) reacenderam o alerta para a possibilidade de um recrudescimento da pandemia no país. Até o momento, essa cepa do vírus foi detectada em 10 unidades da Federação.
A Delta é bastante temida por ser ainda mais contagiosa do que a variante Gamma, originária de Manaus. “As pesquisas mostram que a Delta é duas vezes mais infecciosa do que a versão original do coronavírus e cerca de 40% a mais do que a versão Gamma”, afirma o professor Bergmann Ribeiro, do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB). Ele é especialista em sequenciamento genômico e colabora com a Secretaria de Saúde do DF no mapeamento das mutações do vírus no Distrito Federal.
Considerando a maneira como a variante se apresentou na Índia, Inglaterra e nos Estados Unidos – a cepa rapidamente se tornou dominante devido a sua elevada transmissibilidade. O professor da UnB considera ser necessário redobrar as ações de vigilância epidemiológica, que incluem a testagem, o sequenciamento e monitoramento de casos.
“Até aqui os registros da variante Delta no Brasil eram pontuais e estavam sendo facilmente rastreados, com a transmissão comunitária confirmada há uma certa insegurança, pois não sabemos como ela vai se comportar diante da variante Gamma, hoje predominante”, afirma.
Para Gulnar Azevedo, epidemiologista e presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a alta transmissibilidade da variante Delta pode aumentar a demanda por hospitalizações, além de óbitos. “A diferença para a situação anterior é que agora temos um pequeno percentual da população vacinada. Mas a vacinação tem que ser agilizada. Se as pessoas estivessem imunizadas pelo menos no nível ideal, que corresponde a mais de 70% da população totalmente vacinada, estaríamos em um quadro mais confortável. Hoje só temos 16% da população com as duas doses”, alerta a epidemiologista.
Vacinas
Há, ainda, uma preocupação quanto a menor efetividade das vacinas perante a Delta, pois as pesquisas realizadas mostraram que a variante de origem asiática é mais resistente às versões atuais de imunizantes. De acordo com Ribeiro, as fórmulas usadas funcionam, mas é importante que o esquema de imunização com primeira e segunda dose seja concluído. “As pesquisas mostram que as vacinas produzem defesas contra a Delta, mas essa proteção é um pouco menor, daí a necessidade de não haver furos no esquema vacinal”, completa.
Gulnar Azevedo também destaca a necessidade de imunização completa para conter as variantes atuais e o surgimento de outras. “Temos que correr com a vacinação e não dispensar as medidas de proteção que conhecemos. Precisamos fortalecer a vigilância epidemiológica, usar máscaras, não aglomerar e manter o distanciamento físico. Essas são as formas que temos de controlar a transmissão”, destaca a médica.
Ainda de acordo com a epidemiologista, o alerta vale, sobretudo, para os gestores e a população de lugares onde já foi detectada a transmissão comunitária da variante. “Neste momento ainda é complicado flexibilizar as medidas de proteção. É essencial reforçar, mais uma vez, a vigilância, a vacinação e a comunicação do governo”, aponta.
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