Pandemia reduziu expectativa de vida para os próximos anos, diz estudo
Dados apontam a redução da expectativa de vida por fatores como a Covid-19 e outras doenças. População deve encolher nos próximos anos
atualizado
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A Covid-19 teve um impacto significativo na expectativa de vida da população mundial. A mudança foi percebida principalmente entre os homens: segundo um estudo do Office for National Statistics (ONS), o instituto de estatística do Reino Unido, meninos nascidos entre 2020 e 2022 têm expectativa de vida de 78 anos e sete meses, uma queda de nove meses em comparação com os nascidos entre 2017 e 2019.
Para as meninas, a queda de expectativa de vida foi menor: elas devem viver cinco meses a menos do que as nascidas no período anterior, passando de cerca de 83 anos para 82 anos e sete meses. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (11/1).
Os especialistas da ONS atribuem a redução a vários fatores, como o aumento das taxas de mortalidade durante a pandemia de coronavírus e “problemas mais profundos com a saúde da nação”, o que inclui taxas crescentes de doenças cardíacas, cânceres e diabetes.
“Embora a expectativa de vida tenha se recuperado um pouco desde a queda acentuada da pandemia em 2020, não tivemos a recuperação esperada de lá para cá, apontando para problemas mais profundos com a saúde da nação e a resiliência do sistema de saúde”, afirma a investigadora sênior do The King’s Fund, Veena Raleigh, em entrevista ao site DailyMail.
No entanto, a redução da expectativa de vida impulsionada pela Covid-19 não significa que um bebê nascido entre 2020 e 2022 terá necessariamente uma vida mais curta.
“A esperança média de vida de um bebê nascido hoje será determinada pelas mudanças na mortalidade ao longo da sua vida. Se as taxas de mortalidade melhorarem, a expectativa de vida voltará a aumentar”, afirma a porta-voz da instituição, Pamela Cobb.
Encolhimento da população
Com a redução da expectativa de vida, estima-se que nove a cada 10 países vão enfrentar a ameaça de subpopulação até ao final deste século, segundo relatório da da Federação Internacional das Sociedades de Fertilidade (IFFS).
De acordo com o documento, divulgado nesta quinta-feira (11/1), 93% das nações não terão crianças suficientes para substituir as pessoas que morrem até 2100. Os autores do artigo apontam que o efeito pode resultar em falta de jovens para trabalhar, pagar impostos e cuidar dos idosos.
Eles atribuem a futura subpopulação à queda na taxa de fertilidade. O nível ideal é 2,1 filhos por mulher para que as crianças substituam os pais — contudo, a média de filhos no Brasil, por exemplo, gira em torno de 1,65 e a estimativa aponta queda para 1,63. A última vez que o país esteve acima da média de filhos foi em 2002, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os autores acrescentam que a principal consequência do encolhimento da população é o desequilíbrio demográfico, que pode levar a desafios sociais, políticos e econômicos significativos, incluindo a necessidade de imigração para manter as economias funcionando.
O relatório destaca que as políticas de saúde focadas em reduzir nascimentos não intencionais e promover a contracepção contribuíram para a desaceleração do crescimento populacional nas últimas cinco décadas.
“O acesso ao tratamento de fertilidade, melhor educação e mudanças de estilo de vida são sugeridos como soluções, tanto para a infertilidade quanto para aumentar a expectativa de vida”, destaca o artigo da IFFS publicado na revista Human Reproduction Update.
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