Covid pode causar impotência sexual? Veja o que os cientistas dizem
Pacientes que já tiveram a infecção pelo coronavírus têm mais chance de desenvolver a condição, mas a relação ainda não está clara
atualizado
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Desde o início da pandemia de Covid-19, a ciência está tentando entender exatamente como o coronavírus afeta o corpo humano. Apesar de a doença ser, primariamente, respiratória, há vários casos de pacientes sofrendo de disfunção erétil e de impotência sexual após infecção.
Pesquisadores do mundo inteiro estão estudando a relação entre o coronavírus e o pênis. Um estudo publicado pela Universidade de Miami, nos Estados Unidos, dá conta de um aumento de 20% no risco de disfunção erétil depois da Covid-19.
Outro levantamento, feito pela Universidade de Roma Tor Vergata, na Itália, descobriu que homens infectados pelo coronavírus têm seis vezes mais chance de desenvolver impotência do que aqueles que nunca tiveram a doença.
A ereção masculina depende de vários fatores, como hormônios, circulação sanguínea e nervos intactos. Além disso, fatores psicológicos também influenciam a ereção. Pessoas com ansiedade e depressão, por exemplo, têm dificuldades para manter o pênis ereto.
O professor de odontologia Joseph Katz, do Florida College of Dentistry, descobriu que a perda de olfato e de paladar podem estar relacionadas à disfunção erétil, já que ambos estão envolvidos na excitação despertada entre os parceiros.
Os coágulos do coronavírus
Por outro lado, um dos efeitos já conhecidos da Covid-19 é a formação de pequenos coágulos, que podem viajar para todas as partes do corpo. Os cientistas acreditam que eles podem acabar interferindo na ereção. O vírus também parece atacar as paredes dos vasos sanguíneos, e as veias e artérias do pênis são muito frágeis.
Os médicos recomendam que o problema seja tratado o quanto antes, pois a disfunção erétil pode ser o primeiro sinal de problemas vasculares que podem levar a infartos, por exemplo.
Em entrevista ao jornal The New York Times, o professor da Universidade da Califórnia em San Diego, T. Mike Hsieh, explica que a artéria do pênis tem um décimo do tamanho da artéria coronária e, se há problema de coágulo ou vascular, ele aparecerá primeiro no pênis.
“Quando atendo um paciente com disfunção erétil, ele não sai daqui só com uma prescrição de Viagra. Ele recebe uma recomendação para ver um médico de atendimento primário ou cardiologista. É preciso ter certeza que o colesterol está controlado, o açúcar no sangue também, e discutir mudanças no estilo de vida, na dieta e no controle de peso”, afirma Hsieh.
Sem tratamento, a impotência pode causar problemas mais sérios. É possível que a região seja tomada por tecido cicatrizado fibroso, o que torna a ereção muito dolorosa e mais difícil de tratar. Outra preocupação é a inflamação dos testículos. “Se você está tendo problemas, não espere. Na maior parte das vezes, conseguimos recuperar a vida sexual dos pacientes”, diz o médico.