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Covid: o que se sabe sobre os efeitos adversos da vacina em crianças

Depois de adultos e adolescentes, o próximo público a ser imunizado para evitar a transmissão deve ser o da faixa etária entre 5 e 11 anos

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vacina criança
1 de 1 vacina criança - Foto: Luis Alvarez/Getty Images

Com o avanço de novas variantes do coronavírus, ampliar a disponibilidade da vacina contra Covid-19 para outras faixas etárias é fundamental. Depois de adultos e adolescentes, chegou a vez de imunizar as crianças para conter a disseminação da doença. Por isso, diversos países estão aprovando o uso de doses reduzidas da Pfizer/BioNTech para este público.

A médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lembra que a Covid-19 é classificada como uma das 10 principais causas de morte para crianças de 5 a 11 anos, segundo o Ministério da Saúde.

De acordo com a especialista, a taxa de incidência de síndrome respiratória aguda grave causada pelo coronavírus em crianças de 1 a 5 anos é de 30 casos para cada 100 mil, e a de óbitos relacionados à infecção é de 1,54 a cada 100 mil.

“Além disso, as crianças também têm a capacidade de transmitir o vírus, principalmente diante de uma nova variante como a Ômicron, que está chegando ao país”, comenta.

A pandemia de Covid gera grandes impactos na vida diária dos pequenos, que não podem frequentar o ambiente escolar normalmente, impactando o desenvolvimento social e a educação formal. “Não podemos deixar que isso aconteça no Brasil. Não podemos pensar em fechar escolas novamente. É necessário que as crianças sejam vacinadas também”, adverte Ballalai.

Segurança da vacina

Durante a pesquisa clínica da vacina da Pfizer/BioNTech, que foi licenciada para o uso em crianças entre 5 e 11 anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os dados sobre a segurança do imunizante se mostraram favoráveis. Segundo a vice-presidente da SBIm, dados internacionais atestam a eficácia e a segurança do imunizante para esta faixa etária.

“Nos Estados Unidos, onde mais de oito milhões de doses já foram aplicadas em crianças, foram cerca de cinco mil relatos de eventos adversos, sendo que 97% deles eram leves e apenas 5% das crianças deixaram de ir para a escola por se sentirem mal depois da vacina”, diz Ballalai.

De acordo com o órgão americano FDA, agência equivalente à Anvisa, os estudos clínicos apresentados pelos desenvolvedores do imunizante mostraram eficácia de 90,7% na prevenção da Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Os dados são baseados em um estudo que envolveu aproximadamente 4.600 crianças desta faixa etária.

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos
A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco
Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil
Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações
De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos
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A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnaty

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A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos

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A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco

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Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil

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Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações

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De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos

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Contudo, desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a Anvisa vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de apoiadores do presidente e de grupos antivacina

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Para discutir imunização infantil, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a vacinação pediátrica teria início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatória

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Inicialmente, a intenção do governo era exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar

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De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de oito semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável

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Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacina

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Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi grave

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Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças

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Nos Estados Unidos, a imunização infantil teve início em 3 de novembro. Até o momento, mais de 5 milhões de crianças já receberam a vacina contra Covid-19. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros

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A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses do imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anos

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Alergias e efeitos adversos

Atualmente, a disponibilidade de dados sobre anafilaxia, alergia grave causada por medicamentos e vacinas, mostra que o coronavírus é responsável por mais casos do quadro do que os imunizantes.

“Quando tivemos os primeiros vacinados em 2020, a gente entendia que existia um risco. Hoje, a chance de anafilaxia com a vacina da Pfizer/BioNTech é semelhante à de outras vacinas. Então, não é um risco alto. Não é algo que deva impedir uma família de vacinar os seus filhos”, explica a vice-presidente da SBIm.

Reações graves na vacinação de crianças de 5 a 11 anos são raríssimas, afirmou o Centro de Controle de Doenças (CDC), órgão de saúde dos EUA, na última quinta-feira (30/12). De acordo com a entidade, apenas 100 crianças tiveram efeitos que podem ser descritos como graves, e febre (29%) e vômitos (21%) foram os mais comuns.

Entre as mais de oito milhões de doses aplicadas, dois relatos de óbito ocorreram e estão sob revisão. Ambos eram de meninas com outras doenças e que tinham saúde frágil antes da imunização. “Nenhum dos dados sugeriu uma associação causal entre morte e vacinação”, afirmou o órgão.

A imunologista Ballalai ressalta: “É consenso em muitos países que já adotaram a vacinação, inclusive no Brasil, que é sim um benefício vacinar as crianças e que essa imunização tem uma relação de risco-benefício muito favorável”.

Miocardite

A miocardite é uma inflamação do músculo do coração que pode surgir como uma complicação durante diferentes tipos de infecção no organismo, causando sintomas como dor no peito, falta de ar ou tonturas.

Estudos científicos já mostraram que a miocardite é um efeito colateral considerado raríssimo entre as pessoas vacinadas. Além disso, a chance de a inflamação acontecer é muito maior por conta da infecção com o coronavírus do que pela aplicação do imunizante.

“A miocardite, que a gente sabe ser um pouco mais comum entre adolescentes, parece mais rara em crianças de 5 a 11 anos”, afirma a médica. Ela comenta que, nas oito milhões de doses aplicadas nos EUA, foram apenas 11 casos de miocardite relatados. Desse número, oito crianças já se recuperaram e não houve nenhum óbito relacionado a eventos cardiológicos em crianças por conta da vacina.

Os especialistas consideram que o risco de desenvolver a condição nesta população é muito baixo. “Muito inferior à incidência de miocardite causada pela Covid-19, por exemplo. Não houve nenhum caso relatado de mortes ou sequelas da inflamação no coração entre os adolescentes vacinados. Com as doses aplicadas em crianças nos EUA, também não”, destaca Ballalai.

Como saber se o meu filho vai tomar a vacina correta?

A identificação correta de uma vacina para crianças de 5 a 11 anos é uma obrigação das autoridades públicas, que deve garantir ainda um treinamento eficiente para toda a equipe responsável.

A especialista explica que o rótulo não é igual ao das doses de adultos para diminuir o risco de erros humanos. “A vacina infantil vem com a cor laranja, para diferenciar daquela que é usada entre maiores de 12 anos de idade”, conta.

Na quinta-feira (30/12), a Anvisa listou uma série de recomendações para a vacinação de crianças contra a Covid-19. Entre elas, está que a imunização da nova faixa etária seja iniciada só depois do treinamento completo das equipes de saúde que farão a aplicação.

“A grande maioria dos eventos adversos pós-vacinação é decorrente da administração do produto errado à faixa etária, da dose inadequada e da preparação errônea do produto”, explicou a agência.

Outra recomendação é que seja mostrado ao responsável que se trata da vacina contra a Covid-19, frasco na cor laranja, cuja dose de 0,2 ml, contendo 10 mcg da vacina da Pfizer, específica para crianças entre 5 a 11 anos. A seringa a ser utilizada (1 ml) e o volume a ser aplicado (0,2 ml) também devem ser apresentados antes da aplicação.

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