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Covid longa causa alterações na estrutura muscular, revela novo estudo

Descoberta ajuda a explicar por que pacientes diagnosticados com Covid longa têm piora no quadro de fadiga após praticar exercícios físicos

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Homem com as mãos nos joelhos e cabeça abaixada após exercício físico - Metrópoles
1 de 1 Homem com as mãos nos joelhos e cabeça abaixada após exercício físico - Metrópoles - Foto: Getty Images

Pesquisadores do Instituto de Infecção e Imunidade de Amsterdã, na Holanda, descobriram que pessoas acometidas pela Covid longa podem apresentar alterações na estrutura muscular. Isso explicaria porque a atividade física, em particular, piora o quadro de fadiga crônica nesses pacientes. A novidade foi divulgada em um artigo publicado na revista Nature em 4 de janeiro.

Covid longa e fadiga crônica

Estima-se que metade dos pacientes diagnosticados com Covid longa desenvolvam síndrome da fadiga crônica (SFC), uma doença caracterizada pelo esgotamento de energia, fadiga profunda, alterações do sono, dor muscular e outros sintomas.

Eles podem se agravar com o esforço físico, cognitivo ou emocional, em um quadro chamado de mal-estar pós-esforço. Esta é uma das características mais debilitantes da Covid longa e ainda pouco compreendida.

“Essas descobertas destacam a importância de ter cautela ao conceber estratégias de reabilitação para pessoas com Covid de longa duração”, comenta a professora associada de neurociência e genética da Sheffield Hallam University, Caroline Dalton, em artigo publicado na revista The Conversation.

Os pesquisadores holandeses analisaram as biópsias de músculos e amostras de sangue de 46 pessoas com idade média de 41 anos. Entre elas, 25 haviam sido diagnosticadas com Covid longa e 21 tiveram Covid, mas não desenvolveram a condição prolongada.

As amostras foram coletadas antes e depois de um teste de ciclismo controlado, onde os voluntários pedalaram por cerca de 15 minutos – começando devagar e aumentando gradualmente a intensidade do exercício físico.

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Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo
Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais
Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar
A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus
Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo
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Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada

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Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo

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Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais

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Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar

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A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus

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Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo

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Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma "segunda onda" dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo

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Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia

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Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecção, uma covid longa

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Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19 para chegar às complicações mais comuns

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O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52%

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Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedade

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O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar

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Embora tenham realizado a mesma quantidade de esforço, os participantes com Covid longa produziram menor força muscular e consumiram menos oxigênio em comparação com os voluntários saudáveis, demonstrando que a condição reduz significativamente a capacidade de exercício.

As amostras musculares mostraram que as pessoas do grupo da Covid longa tinham uma proporção maior de fibras musculares glicolíticas de contração rápida. Estas fibras podem trabalhar em alta intensidade em rajadas curtas, mas se cansam rapidamente porque possuem menos mitocôndrias, as organelas que fornecem energia às células para que elas funcionam corretamente.

Novos testes com as mitocôndrias dessas fibras mostraram que os exercícios reduziam a função mitocondrial nos pacientes com Covid longa. O resultado indica que, além de ter uma capacidade reduzida para o exercício, o tecido muscular sofreu danos durante o teste de esforço.

Testes com as moléculas do músculo e no plasma sanguíneo também associaram a Covid longa com níveis mais baixos de moléculas vitais para a glicólise, o processo que as mitocôndrias usam para fornecer energia para as células.

Os pesquisadores explicam que, quando as mitocôndrias nos músculos estão disfuncionais, as células musculares não produzem energia suficiente para atender às demandas do corpo. Isso pode explicar por que as pessoas com Covid longa apresentam sintomas piores após o exercício.

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