Covid leve pode causar encolhimento do cérebro, diz estudo de Oxford
Pesquisadores verificaram perda de volume de massa cinzenta em voluntários que tiverem quadros leves da doença
atualizado
Compartilhar notícia
Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, encontraram novas evidências que explicam por que algumas pessoas diagnosticadas com Covid-19, mesmo desenvolvendo apenas quadros leves, ficam com o olfato e a memória prejudicados temporariamente.
Em um artigo publicado nessa segunda-feira (7/3), na revista Nature, os cientistas afirmam que a Covid-19 pode fazer o cérebro encolher, reduzir a massa cinzenta nas regiões relacionadas ao controle das emoções e a memória e danificar as áreas cerebrais que controlam o olfato.
“Apesar da infecção ser leve para 96% dos nossos participantes (do estudo), observamos uma maior perda de volume de massa cinzenta e maior dano tecidual nos participantes infectados, em média 4,5 meses após a infecção. Eles também mostraram maior declínio em suas habilidades mentais para realizar tarefas complexas, e essa piora mental estava parcialmente relacionada a essas anormalidades cerebrais”, disse a autora do estudo, Gwenaëlle Douaud.
A equipe da professora Douaud investigou as mudanças cerebrais de 785 pessoas com idades entre 51 e 81 anos, participantes do UK Biobank, um banco de dados médicos de moradores do Reino Unidos. Destes, 401 tiveram Covid-19, sendo que 15 foram hospitalizados.
Os voluntários tiveram os cérebros escaneados duas vezes durante a pesquisa – antes e depois da infecção, com intervalo médio de 141 dias entre as sessões – e passaram por testes cognitivos.
Os cientistas descobriram que, mesmo as pessoas que desenvolveram apenas o quadro leve da doença tiveram prejuízos da função executiva, responsável pelo foco e organização. Além da redução da massa cinzenta, eles também apresentaram evidências de maior dano tecidual em regiões conectadas ao córtex olfativo primário, uma área ligada ao olfato.
Em média, o tamanho total do cérebro desses participantes encolheu entre 0,2% e 2%, em comparação com os pessoas que não foram infectadas.
“Essa nova visão sobre os efeitos prejudiciais da Covid-19 contribuirá para nossa compreensão geral de como a doença se espalha pelo sistema nervoso central”, escreveram os autores do estudo.