Covid: indústria garante produzir até 10 milhões de autotestes por mês
Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial aguarda autorização da Anvisa e do Ministério da Saúde para iniciar a produção de autotestes
atualizado
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A Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) afirmou, na quarta feira (12/1), que a indústria no Brasil tem capacidade de fabricar até 10 milhões de autotestes de Covid-19 por mês. Segundo o presidente-executivo da CBDL, Carlos Gouvêa, o fluxo de produção depende da demanda pelo exame, que aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do governo federal.
De acordo com a entidade, se a matéria for regulamentada, a população poderá ter acesso a uma quantidade entre 20 milhões e 40 milhões de autotestes no mercado privado em 2022. Atualmente, a CBDL é a principal indústria no Brasil a fabricar produtos de diagnóstico da Covid-19, representando 70% do mercado.
Além disso, estima-se que o exame à domicílio custará menos do que os testes de antígeno fornecidos em farmácias e laboratórios. A possibilidade de fabricação do produto em laboratórios públicos também é estudada. Para isso, a demanda dependeria de políticas públicas definidas pelos governos.
“A produção do autoteste é mais cara que de exames de antígeno, mas o produto final deve custar menos, pois não inclui o preço do serviço do exame. Hoje a gente vê valores de R$ 70 a R$ 150 (de testes de antígeno) nas farmácias. O autoteste deve ficar de R$ 45 a R$ 70”, afirma Carlos Gouvêa em entrevista à Folha de S.Paulo.
O representante da entidade também admite que a demanda depende do avanço da doença, e enfatiza que o autoteste vem para complementar. O próprio exame RT-PCR, considerado padrão, continua tendo o seu papel.
Na última semana, a Anvisa emitiu uma nota propondo que o Ministério da Saúde avalie a criação de estratégias para que se inicie a venda do autoteste no Brasil. Com o avanço da contaminação pela nova variante Ômicron, as buscas pelo exame em casa têm crescido, uma vez que, em países como Portugal, Estados Unidos e Reino Unido, o produto já está disponível para compra.
Previsões
O representante da indústria estima que os primeiros exames que podem ser feitos em casa chegariam ao mercado cerca de um mês após a regulamentação pelo governo. Depois de instituída a norma, as empresas ainda devem registrar os testes na Anvisa e fornecer os produtos.
A CBDL prevê um fluxo satisfatório de entrega do produto em cerca de três meses após a entrada no Brasil. Segundo a entidade, as empresas nacionais já têm desenhos de autotestes prontos para serem fabricados. A testagem no país ainda é limitada apenas a clínicas, farmácias e serviços públicos.
“A pessoa testada em casa no mínimo vai buscar confirmação da infecção, provavelmente no laboratório. Vai ainda parar de sair, avisar pessoas mais próximas. Já atingiu objetivo de saúde pública de cortar a transmissão da Covid-19”, afirmou Gouvêa.
O que é o autoteste da Covid-19
O autoteste para Covid-19 é um exame de antígeno realizado pela própria pessoa, em sua casa, por meio da coleta do material pelo nariz, com cotonete, ou pela saliva. O resultado sai em cerca de 15 minutos. A rapidez do diagnóstico pode ser explicada pelo mecanismo utilizado pelo teste para identificar, ou não, a presença do vírus nas amostras.
O teste de antígeno busca proteínas características da superfície do coronavírus. O exame é composto de anticorpos capazes de identificar essas proteínas. Ao encontrá-las, o teste dá positivo.
De acordo com especialistas, o procedimento é eficaz quando o paciente está nos primeiros dias de infecção, apresentando os primeiros sintomas. Se o resultado der positivo, a pessoa está com Covid-19; se for negativo, é necessário continuar investigando, principalmente se o paciente tiver tido contato com outra pessoa infectada.
Veja como realizar testagem em casa:
Autoteste no controle da Ômicron
Com pouco mais de 40 dias circulando no Brasil, a variante Ômicron já é a principal cepa infectante no país. Segundo o secretário Rodrigo Cruz, a autorização do autoteste para diagnóstico da doença pode ser mais uma ferramenta a ser usada contra a disseminação da variante Ômicron.
O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que, na situação atual da pandemia no Brasil, o autoteste seria uma ferramenta a mais para ajudar a população na hora do diagnóstico. “Isso poderia fazer com que o próprio indivíduo já se isole diante de um resultado positivo, interrompendo a cadeia de transmissão e procurando o pronto atendimento, congestionado com casos de Covid-19 e de influenza, somente em caso de alerta”, opina o médico.
O profissional considera que, realizando o teste em casa e acompanhando possíveis infecções, a população também evitaria ir a centros de testagem e laboratórios, diminuindo a demanda e evitando aglomerações no local de exame.