Covid em baixa: médicos explicam se já é seguro abandonar as máscaras
Especialistas explicam o que deve ser levado em consideração na hora de fazer a escolha de largar o item com segurança
atualizado
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Com a melhora no cenário epidemiológico da pandemia, tornou-se cada vez mais comum ver pessoas sem máscara na rua ou no trabalho. O uso do acessório de proteção contra o coronavírus virou praticamente uma exceção conforme os governos estaduais foram flexibilizando as medidas de restrição, optando primeiro por tornar o uso facultativo em ambientes abertos e, depois, nos fechados.
Nessa quarta-feira (17/8), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu mais um passo e decidiu pelo fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em aeroportos e aviões.
Mas afinal de contas, as pessoas que continuam a usar máscara podem se sentir mais seguras para aposentar o item de proteção? Especialistas em saúde afirmam que o cenário é favorável, mas os casos ainda precisam ser avaliados individualmente.
A infectologista Joana D’arc Gonçalves, mestre em medicina tropical pela Universidade de Brasília (UnB), explica que ainda vivemos um momento de fragilidade por causa das pessoas que não se vacinaram e da possibilidade do surgimento de novas variantes. Porém, a situação do momento é de estabilidade, com taxa de transmissibilidade mais baixa e menor ocupação de leitos hospitalares.
No Distrito Federal, por exemplo, a taxa de transmissão do coronavírus na última terça-feira (16/8) era de 0,77, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde. Isso significa que para cada 100 pessoas doentes, 77 podem ser infectadas — o índice abaixo de um significa que o vírus está controlado.
“A gente acha que sim, é um um momento favorável à flexibilização por causa da estabilidade. Já é seguro ficar sem máscara, mas é uma dança. Dependendo do movimento, do nosso comportamento, se houver um excesso de exposição, de falta de cuidado e de não cumprimento do calendário vacinal, esse cenário muda”, afirma a médica.
Quem deve usar máscara sem exceções?
A máscara é uma ferramenta de proteção tanto individual quanto coletiva. Pessoas com sintomas de doenças respiratórias que possam ser transmitidas ainda devem usá-la. Ou seja: acordou com o nariz escorrendo, dor de garganta ou tosse? Não deixe de usar o item enquanto persistirem os sintomas.
Indivíduos com alto risco para a forma grave da doença também devem garantir a própria proteção. Entram nesse grupo os idosos; pacientes em tratamentos de câncer, com quimioterapia ou imunobiológicos; com câncer em atividade; e com doenças hematológicas em atividade, como leucemia e linfoma, que estejam em tratamento.
“Sabemos que todas as pessoas se beneficiam com a proteção das vacinas, mas a resposta imunológica é menor nesse grupo. A vacina não funciona tão bem quanto na população de adulto jovem, por exemplo”, afirma o médico intensivista do Hospital Brasília, Rodrigo Biondi.
Onde todos devem usar máscara?
O uso da máscara ainda deve ser levado em consideração em ambientes com aglomeração e baixa ventilação, como cinema, teatro e igrejas, por exemplo. Nesses locais, que são fechados e onde é comum permanecer durante horas respirando o mesmo ar, o item ainda é interessante para evitar a transmissão e contágio.
A máscara também deve ser usada em localidades com surtos de doenças respiratórias, com um número elevado de pessoas infectadas.
“São ambientes extremamente propícios para disseminação do vírus porque o distanciamento social é praticamente impossível. Se uma pessoa contaminada estiver tossindo ou espirrando, a chance de haver uma contaminação é razoável”, explica Biondi.
Embora o avião seja um local fechado, as aeronaves atuais contêm filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air, ou partículas de ar de alta eficiência) que filtra 99% do ar constantemente, garantindo mais proteção aos passageiros.
Máscara nunca mais?
Não é tão simples assim. As recomendações precisam ser revisadas constantemente, levando em consideração a taxa de transmissão da doença, do momento epidemiológico, da possibilidade de surto de uma nova onda ou epidemia.
“Existem algumas situações de alta transmissibilidade de algumas doenças, um surto, por exemplo, em que se torna necessário o uso das máscaras. Mas no dia a dia, se estamos em uma situação de controle, o item se torna uma exceção”, pondera Joana. “Flexibilizar é bom, mas saber o momento de retomar as medidas também é essencial”, completa.
A médica lembra que a máscara não é a única medida que oferece proteção contra o coronavírus. A população deve continuar higienizando as mãos para conter a infecção.
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