Covid-19: vacina que mostrou resultados positivos começa a receber críticas
Iniciativa da empresa de biotecnologia Moderna foi questionada por especialistas sobre os dados apresentados
atualizado
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A informação de que a empresa de biotecnologia norte-americana Moderna estaria próxima de concluir a primeira vacina contra a Covid-19 animou os que anseiam pelo fim da pandemia do novo coronavírus, mas gerou desconfiança de pesquisadores da área.
Especialistas em vacinas questionam as informações limitadas apresentadas pela empresa em publicação dessa terça-feira (19/05), no site especializado Stat News. Eles observaram que os dados críticos, importante para a interpretação do estudo, não foram mencionados.
Na segunda-feira (18/05), a Moderna divulgou comunicado no qual afirmava ter alcançado resultados positivos na primeira fase de testes da vacina realizados em março, com oito voluntários saudáveis. Os participantes teriam produzido anticorpos que impediram a multiplicação do vírus.
Ao testar esses anticorpos em células humanas em laboratório, os cientistas observaram níveis similares de anticorpos neutralizantes aos desenvolvidos por pessoas curadas da Covid-19.
No entanto, especialistas da saúde escutados pela Stat News questionaram a falta de dados sobre respostas aos medicamentos de outros participantes que participaram do estudo. Foram 45 no total, 37 não tiveram os resultados divulgados.
“Isso não significa que eles não desenvolveram anticorpos neutralizantes. O teste de anticorpos neutralizantes consome mais tempo que outros testes de anticorpos e deve ser realizado em um laboratório de nível 3 de biossegurança. Moderna divulgou as descobertas de oito sujeitos, porque era tudo o que havia naquele momento. Ainda assim, é um motivo de cautela”, salienta a repórter Helen Branswell, especializada em doenças infecciosas.
Os pesquisadores também sentiram falta do perfil dos voluntários cujos anticorpos foram analisados. Sabe-se que eles têm entre 18 e 55 anos, mas não a idade exata. A informação é importante, tendo em vista que a faixa etária pode influenciar diretamente na resposta da vacina.
Os especialistas lembram também que os testes são muito recentes e os dados divulgados, baseados em respostas iniciais da imunização. Ainda não se sabe por quanto tempo a vacina é capaz de proteger o organismo humano.