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Covid-19: teste de detecção de anticorpos pode liberar do isolamento?

Algumas pessoas estão recorrendo a exames sorológicos para garantir o “passaporte” da imunidade, mas eles são imprecisos

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1 de 1 bar antes da pandemia - Foto: HUGO BARRETO/METRÓPOLES

A pandemia de Covid-19 no Brasil está indo para o 6º mês, mesmo período em que alguns estados brasileiros e o Distrito Federal começaram a tomar medidas mais rígidas de isolamento social. Com isso, famílias foram separadas, amigos deixaram de se encontrar e muitas funções de trabalho passaram a ser realizadas de maneira remota.

Na tentativa de voltar à rotina, rever as pessoas queridas e marcar um happy hour, alguns estão recorrendo aos testes sorológicos — que detectam a presença dos anticorpos IgA/IgM e IgG no sangue — para tirar a prova se já tiveram contato ou não com o novo coronavírus, desenvolveram a forma assintomática da doença e estão imunes a uma nova infecção. No entanto, médicos alertam que este não é um método correto para validar a saída do isolamento.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nessa quarta-feira (5/8) uma nota técnica atualizando as orientações de prevenção e vigilância epidemiológica. Nela, a Anvisa afirma que os “testes sorológicos não devem ser utilizados isoladamente para estabelecer presença ou ausência de infecção ou reinfecção por Sars-CoV-2, diagnóstico de Covid-19, bem como para indicar período de infectividade da doença ou sinalizar possibilidade de retirada do isolamento”.

A infectologista do Hospital Águas Claras, Ana Helena Germoglio, ressalta que os exames de detecção de anticorpos são de primeira geração e possuem uma acurácia que não permite a tomada desse tipo de decisão. Há recorrência de falsos negativos e falsos positivos, resultado de infecções cruzadas por outros vírus — a baixa confiabilidade representa um risco para aqueles que não tiveram a doença.

“A gente só aprendeu isso ao longo da pandemia. Muita gente está utilizando esses testes sorológicos para a liberação de isolamento ou instalação de isolamento. Esses exames, feitos de forma inadequada, estão gerando mais pânico do que certezas na população. Eles não são indicados para diagnóstico. O teste de sorologia é pouco fidedigno para tomar algum tipo de conduta pois quando a gente avalia apenas os anticorpos, os exames podem induzir a erros”, pontua Ana Helena.

Segundo a infectologista, a conduta correta é avaliar o fator clínico (a presença de sintomas da doença) e o resultado do exame RT-PCR, dito como padrão-ouro, que identifica a presença do RNA do novo coronavírus.

“Depois do RT-PCR, passando o período de transmissão, o paciente pode voltar a ver as pessoas de seu convívio. Aparentemente, ele terá imunidade por cerca de três meses, como acontece com outros coronavírus. No entanto, a gente ainda não sabe como esse se comporta”, explica.

A médica lembra que, mesmo as pessoas curadas não devem relaxar com o uso da máscara ou as medidas de higienização das mãos. “O paciente curado não será um infectante para outras pessoas, mas pode ser um vetor, levando o vírus pelo contato com maçanetas, mouses e outras superfícies contaminadas”, pondera.

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