Covid-19: restaurantes podem ser grandes disseminadores. Saiba se proteger
Donos de estabelecimentos devem avaliar as equipes diariamente e afastar funcionários com sintomas da doença
atualizado
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A reabertura dos bares e restaurantes foi animadora para quem estava há meses cumprindo o isolamento social, mas especialistas se preocupam com o perigo que estes locais representam para novas infecções do coronavírus, visto que algumas das principais medidas de segurança incluem o distanciamento social e o uso de máscaras, pouco praticados nesses ambientes.
Um estudo feito por especialistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, publicado nessa quinta-feira (10/9), conclui que “comer e beber em locais que oferecem tais opções podem ser importantes fatores de risco associados à infecção por Sars-CoV-2”.
Ao entrevistar 314 pacientes sintomáticos que fizeram teste para a Covid-19 entre 1º e 29 de julho, em 11 unidades de saúde dos EUA, eles observaram que os adultos com resultados positivos tinham, aproximadamente, duas vezes mais chances de terem feito uma refeição em restaurantes nas duas semanas anteriores ao início da doença, do que os com resultado negativo.
Estimuladas pela redução do número de casos, muitas pessoas lotaram os bares no último fim de semana, aumentando o risco de uma segunda onda da Covid-19, assim como acontece na Europa. De acordo com a médica infectologista Ana Helena Germoglio, do Hospital Águas Claras, enquanto não houver uma queda sustentável, com incidência muito pequena de casos, as medidas não podem ser relaxadas.
“A gente viu mais recentemente na Espanha que o número de casos caiu e depois retornou por conta do comportamento errado da população. As aglomerações desse feriado vão ser refletidas daqui a duas semanas, período em que a pessoa fica doente após o contato”, explica a médica infectologista Ana Helena Germoglio, do Hospital Águas Claras.
Quem vai a um desses ambientes deve dar preferência a se sentar com distanciamento entre as mesas e evitar contato com outras pessoas. As barreiras de acrílico usadas por alguns estabelecimentos ajudam, mas sozinhas não são suficientes para frear a transmissão do vírus. “É óbvio que a pessoa tem que tirar a máscara para comer, mas se as outras medidas não forem aplicadas, tornam-se um potencial (para a infecção)”, diz.
Cuidado na cozinha
Não há evidências nem relatos de que o vírus possa ser transmitido por alimentos da cozinha para a mesa dos clientes, mas os funcionários com qualquer sinal ou sintoma da doença (coriza, congestão nasal e febre, por exemplo) deve ser imediatamente afastado das atividades e realizar o teste RT-PCR – de detecção do vírus – após o terceiro dia de sintomas. A recomendação é que as empresas avaliem a equipe diariamente.
Todos os demais funcionários que tiveram contato direto com o paciente devem ficar vigilantes para o aparecimento de sintomas. A infectologista não recomenda a testagem imediata dessas pessoas porque o resultado pode sugerir um falso negativo a depender do dia em que o exame é feito. “Avaliar o desenvolvimento dos sintomas sugestivos é muito mais efetivo do que sair testando aleatoriamente”, garante.
Ao contrário do que aconteceu na Espanha, Ana Helena não acredita que fechar o estabelecimento seja a solução e lembra que nenhum órgão internacional ou a Anvisa recomenda a medida com o aparecimento de casos internos.