Covid-19 pode afetar fertilidade masculina, diz estudo brasileiro
Levantamento nacional mostra que 43% dos homens internados com a infecção apresentam problema em canal localizado atrás dos testículos
atualizado
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De acordo com um estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o coronavírus pode afetar o sistema reprodutor masculino e interferir na fertilidade do paciente.
Foram analisados os casos de 26 homens com quadros leves e moderados da Covid-19 – 42,3% deles apresentou epididimite, uma inflamação no epidídimo, um canal que fica atrás dos testículos.
O órgão, que tem seis metros de comprimento quando não compactado, é um caminho obrigatório paras os espermatozoides. Lá, eles adquirem funções bioquímicas essenciais para a fertilização.
“Se os espermatozoides não passarem pelo epidídimo, há diminuição da fertilidade”, explica Jorge Hallak, um dos autores do estudo, ao Uol.
Os cientistas começaram a investigar a região pensando no mecanismo usado pelo coronavírus para invadir as células. A proteína ACE2, uma das principais utilizadas pelo vírus, é muito comum nos testículos. Os pesquisadores também notaram pacientes com alterações no sêmen antes de começar o estudo.
Os participantes tinham entre 18 e 55 anos, e passaram por teste físico e ultrassom para determinar se outros problemas podiam causar o problema na região. Nenhum dos homens apresentou dor no local.
O estudo foi publicado na revista científica Antrologia. Os cientistas afirmam que são necessários mais estudos para definir exatamente os problemas que a Covid-19 pode causar na saúde reprodutiva masculina.
Os próximos passos da pesquisa envolvem entender a relação entre o coronavírus e os hormônios masculinos para definir as razões da maior taxa de mortalidade entre homens.