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Covid-19: pesquisadores da UnB acham proteína que pode ajudar casos graves

A alfa-1-antitripsina age como anti-inflamatório e antiviral, e é estudada há cerca de 30 anos contra outros vírus, incluindo o HIV

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Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) podem ter encontrado uma proteína capaz de ajudar no tratamento de casos graves de Covid-19. Estudada há cerca de 30 anos pela comunidade científica, a alfa-1-antitripsina (A1AT) é produzida por várias células, entre elas as dos alvéolos pulmonares.

A proteína tem papel anti-inflamatório e protege os pulmões contra enzimas decorrentes de processos inflamatórios e que têm ação degenerativa.

Os cientistas fizeram a correlação entre os casos graves de Covid-19, que normalmente incluem a tempestade de citocina – um processo inflamatório – e a proteína. A A1AT se mostrou inibidora de citocinas inflamatórias. A pesquisa foi feita por meio de revisão de trabalhos anteriores e publicada na revista científica Reviews in Medical Virology.

“Quando surgiu a Covid-19, nos debruçamos no estudo dos possíveis mecanismos fisiopatológicos. Verificamos que duas das principais proteinases envolvidas tanto na entrada do vírus na célula como em mecanismos patogênicos desencadeados após infecção poderiam ser alvos da A1AT”, explica Enrique Argañaraz, do departamento de Farmácia da UnB.

Gustavo Argañaraz, coautor da pesquisa, conta que a proteína pode beneficiar, principalmente, pacientes com quadro grave da doença ou com comorbidades.

“Em pacientes com desfecho clínico agravado, tem ocorrido a famosa tempestade de citocinas, que é uma resposta inflamatória exacerbada apontada como uma das causas da síndrome respiratória e da falência múltipla de órgãos. Nesse contexto, a A1AT é um elemento fundamental por estar relacionada à inibição das citocinas inflamatórias”, explica o pesquisador.

Segundo ele, a proteína está no mercado há décadas e quase não oferece efeitos colaterais, a não ser em pessoas que tenham reação alérgica. “Existe lobby em torno do desenvolvimento de novos medicamentos, mas estes provavelmente terão maior custo e não terão passado por testes clínicos de longo prazo”, avalia Argañaraz.

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