Covid-19: pacientes têm 4 vezes mais chances de sofrer parada cardíaca fatal
Risco de infarto fatal no hospital ou após a alta é nove vezes maior entre as mulheres, de acordo com pesquisa sueca
atualizado
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Uma pesquisa feita pela Universidade de Gothenburg (Suécia) descobriu que pacientes com Covid-19 estão quatro vezes mais suscetíveis a morrer por parada cardíaca, no hospital ou após o fim do tratamento. Para as mulheres, o risco é ainda maior: a probabilidade de um infarto fatal entre elas foi nove vezes superior à dos homens. O estudo foi publicado na revista científica European Heart Journal.
Os pesquisadores avaliaram 3.044 casos de paradas cardíacas: 1.964 fora de hospitais (como na casa dos pacientes) e 1.080 que ocorreram em ambiente hospitalar. Os dados foram coletados entre 1º de janeiro de 2020 e 20 de julho de 2020.
Primeiro, os autores do estudo dividiram os casos entre pré-pandemia (os que aconteceram entre 1º de janeiro e 16 de março de 2020) e pandemia (de 16 de março em diante). Depois, separam as ocorrências que ocorreram fora de hospitais e as paradas cardíacas registradas dentro de ambientes hospitalares.
Dos 1.946 casos de parada cardíaca súbita fora de hospitais, 10% ocorreu em pacientes com teste positivo para Sars-CoV-2, ou seja, que tinham Covid-19 confirmada. Entre estas pessoas, o risco de morte foi 3,4 vezes maior do que para os outros membros do grupo.
Entre os 1.080 casos ocorridos dentro de hospitais, 16% eram de pessoas com Covid-19. Entre estes pacientes, a mortalidade foi 2,3 vezes maior do que entre as pessoas sem a doença.
Os pesquisadores analisaram, ainda, o chamado desfecho de sobrevida: 83,4% dos pacientes com Covid-19 que enfartaram em casa morreram em menos de 24 horas.
Na fase pré-pandemia, a taxa de sobrevivência após 30 dias do evento foi de 7,6%. Entre os que tiveram parada cardíaca dentro do hospital, 23,1% dos pacientes com coronavírus sobreviveram 30 dias após o infarto, contra 36,4% dos pacientes pré-pandemia.
Mulheres com Covid-19 estão mais vulneráveis
A diferença de mortalidade foi maior entre as mulheres com coronavírus que estavam em atendimento hospitalar quando ocorreu a parada cardíaca. Nestas pacientes, houve um risco de morte nove vezes superior durante os primeiros meses após o episódio. De abril em diante, este risco foi sete vezes maior.
“Esperamos que nossos resultados possam ajudar a aumentar a conscientização sobre as complicações do Covid-19 entre o público, prestadores de cuidados e tomadores de decisão. Isso poderia melhorar o atendimento e mobilizar recursos para pacientes de alto risco”, disse Araz Rawshani, pesquisador da Faculdade de Medicina da Sahlgrenska Academy e um dos autores do trabalho.