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Covid-19: grupo entre 30 e 40 anos concentra infecções no Brasil

Levantamento feito pelo Metrópoles com dados das secretarias de Saúde de 15 unidades da Federação revela grupo mais atingido pela doença

atualizado

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Gui Prímola/Arte Metrópoles
homem com máscara amarela com uma interrogação na boca
1 de 1 homem com máscara amarela com uma interrogação na boca - Foto: Gui Prímola/Arte Metrópoles

Apesar de o coronavírus ter sofrido modificações e mutações durante a pandemia, ele age essencialmente da mesma maneira: é mais perigoso para pessoas acima de 60 anos que têm comorbidades, mas pode infectar qualquer um. Por ser um vírus novo, não há organismo, não importando a idade do paciente, que esteja pronto para combater a invasão. No entanto, cada país, com sua realidade social, vive a epidemia de forma diferente.

O primeiro caso de coronavírus do Brasil foi confirmado na quarta-feira de Cinzas, dia 26/02. De lá para cá, mais de 52 mil pessoas foram infectadas pelo vírus (de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde divulgados em 24/04). Porém, ao contrário de outros países, o Sars-CoV-2 encontrou aqui uma população mais jovem, situação diferente, por exemplo, da Itália, de onde veio a cepa que inaugurou a Covid-19 no país.

O Ministério da Saúde não divulga dados gerais sobre a idade das pessoas contaminadas, mas um levantamento do Metrópoles feito a partir de informações das secretarias de Saúde do DF e de outros 14 estados brasileiros mostra que a faixa etária entre 30 e 40 anos concentra as infecções provocadas pelo novo vírus no país.

No Distrito Federal, 29,5% dos infectados têm entre 31 e 40 anos. Na capital paulista, cidade com maior número de casos do país, a mesma faixa etária lidera os diagnósticos confirmados (27,42% do total) – no estado inteiro, esse também é o intervalo com maior número de casos.

tabela faixa etária casos de coronavírus

A faixa de 30 a 39 anos também é a mais atingida no Rio Grande do Sul (21,7%), Espírito Santo (31,23%), Rio de Janeiro (23,32%), Ceará (23,24%), Paraná (22,76%), Rio Grande do Norte (30,6%), Mato Grosso do Sul (31,2%), Minas Gerais (26,8%), Pernambuco (25,71%) e Goiás (25%) – estado que não disponibiliza o total de infectados mas o número de pessoas internadas.

Três estados fazem a divisão por faixa etária de maneira diferente, o que dificulta a comparação. Mato Grosso indica o intervalo entre 36 e 55 anos como o mais prevalente, com 51,7% dos casos; em Sergipe, os pacientes entre 20 e 39 anos lideram (37,6% dos casos), e no Tocantins os pacientes entre 20 e 39 anos (54,05%) são os mais afetados.

Em outros países onde a epidemia está instalada há mais tempo, a maior parte da população contaminada é um pouco mais velha. Na Itália, por exemplo, o maior grupo de infectados (38,1%) está na faixa etária acima de 70 anos, o que faz sentido em uma das maiores populações idosas do mundo. Nos Estados Unidos, 36,6% dos pacientes diagnosticados com a doença têm entre 45 e 64 anos. Na China, a faixa etária entre 50 e 59 anos foi a mais contaminada pelo coronavírus, concentrando 22,4% dos casos.

O infectologista Alexandre Cunha, vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, explica que o Brasil tem uma média de idade bem menor que a de outros países onde a epidemia já demonstrou sua força. “A aposentadoria em outros países é mais tardia“, diz o especialista, que pondera que a faixa etária mais comum no Brasil, de 30 a 39 anos, é a que normalmente trabalha nos serviços considerados essenciais e, por isso, está circulando pelas cidades.

Apesar de parecer uma boa notícia, já que a letalidade é maior em idosos, Alexandre afirma que os pacientes jovens, apesar de evoluírem bem, acabam lotando os serviços de saúde por serem maioria.

“Se tivermos 100 mil jovens infectados, a estatística é que 5% precisarão ser internados, ou seja, 5 mil pessoas. Já entre idosos, se tivermos mil infectados, 50% vão precisar de internação e isso significa 500 leitos ocupados”, diz.

E, com hospitais cheios, mesmo que de pessoas fora do grupo de risco, não há espaço para atender os idosos, que precisam de internação não só por conta do coronavírus, mas também por outras condições de saúde.

Mesmo antes de perceber a situação do Brasil, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, já havia alertado, em 20/03, sobre a importância de conscientizar os jovens sobre o isolamento social e as medidas de higiene, pois muitos se descuidam tendo como base a estatística de mortes entre idosos.

“Vocês não são invencíveis. Esse vírus pode te colocar no hospital por semanas ou até matar. Mesmo que não fique doente, as escolhas que faz sobre onde ir podem fazer a diferença sobre a vida ou a morte de outra pessoa. A solidariedade é a chave para combater a Covid-19, entre países e entre pessoas”, disse.

Óbitos mais frequentes em idosos
Mesmo com todas as diferenças entre as populações mundiais, o coronavírus é mais letal sempre na mesma faixa etária, acima dos 60 anos.

No Brasil, de acordo com boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em 20/04, das 2.082 mortes solucionadas, 104 eram na faixa entre 30 e 39 anos (4,99%). O grupo que mais morre por coronavírus no Brasil é o que tem entre 70 e 79 anos, com 25,36% dos registros até aquele momento.

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